Três momentos de cada dia, de 18 a 27 de Dezembro de 2004, de uma viagem missionária ao Quénia, que teve o seu ponto alto na inauguração da igreja de Gachie, num bairro pobre de Nairobi
Três momentos de cada dia, de 18 a 27 de Dezembro de 2004, de uma viagem missionária ao Quénia, que teve o seu ponto alto na inauguração da igreja de Gachie, num bairro pobre de Nairobi”Viagem com os Missionários da Consolata para viver o Natal no Quénia, conhecer as suas gentes, a natureza, as missões e a relação histórica com Portugal, por ocasião da inauguração da igreja de Gachie”.

Diário de bordo
1º dia: 18 Dez. 04
O conhecimento entre os aeroportos e a viagem. Kenya airlines: “the pride of África” ou em versão portuguesa: “o orgulho de África”. 8h30 neste boeing da companhia queniana.

aventura
E aqui se inicia a “aventura na missão” de que falava numa sms (mensagem de telemóvel), a uma amiga minha. Desta aventura de missão que quero conhecer ao pormenor, tal qual fui aconselhada a fazer: olhos bem abertos, coração ciente das necessidades.

Solidariedade
Já vi caixotes de solidariedade na bagagem despachada aqui, no aeroporto. E é curioso como um ideal, a uns mais outros menos move tanta gente. Para fazer 11h de voo para chegar ao Quénia.

Coragem
Ou talvez segundo momento na ordem cronológica dos acontecimentos. Porque é preciso coragem para uma senhora desta idade, 84 anos, fazer uma viagem destas.

2º dia: 19 Dez 04
aterrámos às 6h25 no aeroporto de Nairobi. Espera. Embarque para Mombasa.

Curioso
O agente de viagens, Mr. Souza é descendente de goeses, com passaporte Português.com uma irmã no algarve, vai a Portugal três vezes por ano, com passagem por Fátima.
Recepção portuguesa em Mombasa, Pe. Tobias e os dois elementos do grupo que viajaram a 15 de Dezembro.

Likoni
Missão do padre Tomasino, diminuitivo de Tomás.com uma igreja a abarrotar de gente, sobretudo nova.
Uma casa de boas vontades para lidar com problemas graves: mães solteiras, a Sida e assomar, gente pobre que é necessário alimentar e um dispensário. Oito mil católicos em 330 mil habitantes. a missão não é fácil.
E como se não bastasse a vontade de abrir uma missão em Mebuta. Palpita-me que vou ouvir falar mais, no futuro, desta nova missão.
Depois da meia missa em kikuio que incluiu apresentação do grupo português, o primeiro almoço, em território queniano.

Descanso
O paraíso à beira-mar. O descanso depois de imensas horas de avião em avião. Jantar e um passeio até bem perto do mar, colado à piscina do hotel. Noite de repouso.

3º dia: 20 Dez. 04
Dia de S. Francisco Xavier (nesta viagem)

Melinde
Ponto de paragem obrigatório para qualquer português nestas paragens. Interessante ver os mundos que os portugueses deram ao mundo.
a celebração da eucaristia, precisamente no mesmo local onde S. Francisco Xavier rezou a caminho da Índia, onde foi celebrada a primeira missa em África a sul da Etiópia.

Gastronomia
Uma delí­cia de almoço numa paisagem de praias inexploradas e selvagens. Lagostins ali pescados, temperados e cozinhados pelas mãos de quem conhece as gentes, o mar e vive do negócio.

Paisagem
a visita ao parque marinho de Watamu, marcou o início do ciclo de visitas aos parques de animais. E se há locais paradisí­acos na terra, este é, certamente, um deles. Porque a paisagem é, de facto, deslumbrante. Mas só para turista.

4º dia: 21 Dez. 04

História
Forte Jesus. Voltamos ao tempo em que os portugueses davam cartas ao mundo. a muralha defensiva, quatro torreões (um deles já não existe) foram baptizados com nomes portugueses. Uma porta portuguesa no oceano índico, uma presença de cem anos apenas.

Sobrevivência
Trinta duros quilómetros de buracos, buraquinhos sem o precioso manto negro, o asfalto ou, muito esburacado.
a necessidade de subsistência aguça o engenho. Pequenos negócios montados ao longo da estrada. E a paisagem que vai mudando, quase de pré-savana empobrecida à pressa com o corte das árvores, queimadas para vender o carvão que se vai vendendo aqui, ali, acolá.

Safari
é pelos safaris que o Quénia é conhecido além fronteiras. E são muitos os turistas que se encontram neste país no meio da selva para ver animais selvagens. acabámos por não ver leões, leopardos, leoas, tigres e outros animais deste tipo. abundaram as zebras, as girafas, as gazelas, além de rinocerontes, diversas espécies de pássaros, um crocodilo a chocar os ovos e um elefante proscrito.

5º dia: 22 Dez. 04

Cidade
Nairobi. O primeiro contacto com a cidade não augura nada de bem. Uma fila enorme, o trânsito parado à porta da grande cidade também de arranha-céus onde o bairro de lata tem um milhão de habitantes. Que histórias de vida?

Westlands Consolata
a paróquia e o santuário de Nossa Senhora da Consolata na cidade de Nairobi. 20 por cento dos habitantes do país, 12 milhões são católicos. Há ainda o colégio e escola para famílias de posses e a casa dos missionários.

convívio
Se há sítio sossegado, aprazí­vel, recomendável é o convento que alberga viajantes, das irmãs Dimesse, de origem italiana.
Foi também a primeira noite em que o grupo se juntou para travar conhecimento e convívio. Ninguém escapou à apresentação da praxe.

6º dia: 23 Dez. 04

Simbolismo
O dia começa entre as montanhas, no local onde há 102 anos, chegaram os primeiros quatro missionários da Consolata e tendo sido recebidos pelo chefe Karuki (homem de visão, sem dúvida).
Cem anos depois (2002) uma capela num lugar simbólico. Foi a partir dali que o sonho em terras quenianas se foi aperfeiçoando e construindo missão a missão.

Baden Powell
a visita ao túmulo do fundador do escutismo, Baden Powell marcou o dia de homenagem. Também simbolicamente , os escuteiros da Bidoeira deixaram uma marca: o agradecimento em forma de placa de madeira, trabalhada por ele. Em 2004 são outros portugueses a dar a volta ao mundo.

aldeia de Santa Maria
é uma aldeia muito especial. Tem 43 habitantes, todas mulheres. algumas mais anciãs que outras. Mas todas elas foram ali recolhidas depois de terem sido abandonadas pelos familiares, maltratadas. Doentes, algumas. ali reconquistam a vontade de viver e a dignidade humana. além do lar, do carinho e do apoio das freiras “Nirmala Sisters” e dos missionários da Consolata, são uma família.

7º dia: 24 Dez. 04

Montanha
além do Kilimanjaro, visitante que se preze tem de ver o Monte Quénia, logo aquando do nascer do dia. Porque na maioria das vezes a nuvem que o cobre não permite ver o cume. Não foi o caso.
5200 metros de altitude. Nas encostas além da flora fantástica, cultiva-se o chá, café, milho e feijão. as plantações de chá são a perder de vista.

Equador
Estes dez dias de viagem desenrolaram-se abaixo, acima e mesmo ali na linha que divide: um pé no hemisfério norte, outro no sul e a linha do equador a meio. ali, na cidade de Nanyuki, se o clima não fosse tropical, haveria neve com toda a certeza. Situada aos pés do monte Kenya, que se ergue a mais de cinco mil metros de altitude.

Mukululu
O espanto de uma missão, no meio da montanha. Um santuário em construção, feito com ajudas, o projecto da água, da vinha, o quintal com toda a variedade e um almoço farto. O projecto de captação de água é a menina dos olhos do irmão argese. Em 1970 o sistema permitiu servir quatro dezenas de pessoas. Hoje, três barragens depois e uma em projecto, a água chega a 250 mil pessoas.

8º dia: 25 Dez. 04

Natal
Depois de uma consoada simples mas vivida em família, enquanto em Portugal se tiritava de frio, o dia de Natal foi passado com temperaturas elevadas. Não é a ilha de Natal mas o clima é bastante agradável.

Flamingos
Não foram só os animais de porte que povoaram o dia a dia de safari. Milhares de flamingos fazem um colorido rosa impressionante ao longo do lago Nakuru.

9º dia: 26 Dez. 04
Gachie
a grande meta desta viagem: a inauguração da igreja de Gachie. Construí­da em dois anos, tempo recorde, tantos quantos tem a paróquia. Um terço do novo templo, a igreja de santo Estevão foi construído com a ajuda dos amigos de Portugal.

Hospitalidade
Durante a eucaristia , os amigos portugueses da Consolata tiveram a participação em dois momentos da eucaristia. Depois da eucaristia, os visitantes foram presenteados com danças e cantares antes do almoço preparado pela organização.
amizade
além da ajuda anteriormente dada, a comitiva portuguesa entregou a esta paróquia católica a quantia de 2 500 euros. Uma verba conjunta que inclui dinheiro angariado em Portugal e outros donativos dos elementos deste grupo.

10º dia: 27 de Dez. 04

Regresso
De volta a casa. Depois de um magní­fico a viagem foi feita de dia. a caminho de solo português, a comitiva teve oportunidade de ver um belí­ssimo ocaso do sol, quase a aterrar em amesterdão.

Cansaço
é verdade. Porque, além dos milhares de milhas percorridos no ar, em terra somam-se mais quatro mil quilómetros, para conhecer um pouco mais das missões da Consolata e da realidade deste país.

agradecimento
ao padre Tobias. Pelo acolhimento e pela companhia. Por ter sido um guia exemplar.
ao resto do grupo. a amizade já tem semente plantada.