a minha alma tem sede de vós, meu Deus!, canta o refrão do salmo responsorial da liturgia eucarística do 22º domingo comum. Nos tempos actuais, a fineza de sentimentos sofre profundamente por causa das infidelidades, que causam stress e dúvida
a minha alma tem sede de vós, meu Deus!, canta o refrão do salmo responsorial da liturgia eucarística do 22º domingo comum. Nos tempos actuais, a fineza de sentimentos sofre profundamente por causa das infidelidades, que causam stress e dúvidaExiste num cemitério da cidade de Colónia, alemanha, um túmulo monumental, dedicado à memória de uma família famosa. Em grandes caracteres, encima esse túmulo uma inscrição que diz: Este monumento ficará aqui para todo o sempre, à memória de N. N. Nada de anormal, excepto o facto de, certo dia, uma pequena semente ter caído sobre esse túmulo e germinar. Deitou raízes, cresceu e fendeu o monumento em dois. O poder duma humilde semente! Um dos desejos de muita gente é concentrar em si própria o maior poder possível. Dominar os outros foi sempre uma das grandes tentações da história. Dominar politicamente, ser capaz de impor as próprias opiniões a povos inteiros. Esmagar as massas por meio do poderio financeiro que tudo controla, do mais alto ao mais baixo, sem consideração pelos sofrimentos que isso impõe a tanta gente. É uma constante da natureza humana, o desejo de ser super-homem.
Na primeira leitura de hoje temos algo de semelhante, mas tão diferente ao mesmo tempo (Jeremias 20, 7-9). O Espírito do Senhor Deus invadiu o jovem Jeremias para que se tornasse profeta de Deus para o povo de Israel. Eram tempos difíceis para esse mesmo povo. O culto do Deus verdadeiro caíra em desuso para muitos, injustiças e outros crimes eram cometidos a torto e a direito. Num quadro bíblico de grande ternura e dedicação, Jeremias confessa o drama da sua própria existência em relação ao povo e em relação a Deus que o chamara. Jeremias desculpa-se, mas de nada lhe vale: dentro de si há um amor, uma disponibilidade profunda para com o Senhor, que o próprio Jeremias não compreende. Cativaste-me, Senhor, diz-nos ele na primeira leitura da liturgia do 22º domingo comum. Cativaste-me e eu deixei-me cativar. Dominastes-me e foste vencedor. Jeremias, um invadido pela vontade do Deus de Israel, um homem que se deixa encher de zelo e ternura pelo seu Deus! E este fogo de amor não abranda, mesmo quando a perseguição o ataca de todos os lados: Em todo o tempo, sou objecto de escárnio, toda a gente faz troça de mim.
Vivemos em tempos modernos, em que a fineza de sentimentos sofre profundamente por causa de tantas infidelidades, que tanto enchem o nosso espírito de stress, de dúvida, de desinteresse. O profeta Jeremias sofria pelos males do povo, mas especialmente por causa da sua dedicação total ao Senhor. a sua confissão torna-se comovente: Disse eu a mim próprio: «Não mais pensarei no Senhor, não mais falarei no seu nome!. Inutilmente, pois todo o seu ser de carne, osso e espírito, está imbuído de veneração pelo seu Deus. Tudo nele grita fidelidade. Confessa: Havia no meu peito um fogo ardente, encerrado mesmo dentro dos meus ossos. Esgotava-me para o dominar, esse fogo, mas não conseguia. Era a vitória total do amor de Deus nele e do seu amor por Iavé. Entre as ervas daninhas, há nos nossos dias gente que atiça em si o amor ao mesmo Deus de Jeremias. Mães, pais e tantos outros, que se dedicam totalmente ao amor da família e do próximo, e ao amor do Deus que nos deu o seu Filho como resgate pelos nossos males. Vai-se elevando um murmúrio nascido em corações generosos que propagam o amor a Cristo e aos mais necessitados. Tempos melhores à vista! Deus louvado!