João Paulo II não pode falar depois da traqueotomia a que foi submetido. Talvez tenhamos que nos habituar a um Papa que não fala, mas comunica com gestos ou exprime a sua vontade só por escrito.
João Paulo II não pode falar depois da traqueotomia a que foi submetido. Talvez tenhamos que nos habituar a um Papa que não fala, mas comunica com gestos ou exprime a sua vontade só por escrito. O Papa está sereno depois da operação a que foi submetido. a traqueotomia dá-lhe a possibilidade de respirar sozinho. Mas, por agora, não pode falar. as cordas vocais terão que ficar em repouso durante vários dias. Depois, se verá. O que irá acontecer?
Há alguma preocupação na Cúria. Talvez tenhamos que nos habituar a um Papa que não fala, mas comunica com gestos ou exprime a sua vontade só por escrito. Não é impossível.
“Vem-nos ao pensamento o Cordeiro mudo do profeta Isaías. Quem tanto profetizou com o dom da palavra pode ficar sem palavras, como que a mostrar uma outra maneira de testemunhar o Evangelho”. Enzo Bianchi, o fundador da comunidade de Bose, cita o antigo Testamento para comentar o silêncio forçado do Papa. Um tema que nos conduz às Escrituras Sagradas e aos símbolos cristãos, mas que nos deixa uma interrogação: até quando poderá conduzir a Igreja neste estado?
Está o facto que o Papa não pensa em renunciar. é verdade que o direito canónico prevê a renúncia de um Papa em certas circunstâncias. Elas existem e são muito concretas e visíveis, mas, conhecendo a fibra física e espiritual deste Papa, achamos que por agora é impensável. Tudo depende porém da sua vontade. Só a ele compete decidir. O Papa tem os seus colaboradores. a Igreja não está órfã. Vê-se porém na condição de reflectir, depois de uma tão grande exposição mediática, sobre o que é significa esta diminuição física num homem que é como um pai para uma família.
Entretanto, o mundo inteiro segue com apreensão todos estes acontecimentos. E não é só o mundo católico. “Recitámos por ele um salmo, numa salinha da Clínica Gemelli, como fazemos habitualmente quando fazemos assistência a um doente que sofre”, diz o Rabino de Roma, Riccardo Di Segni. “Viemos para manifestar a nossa solidariedade para com o Papa, neste momento de sofrimento”. Também os muçulmanos de Roma se fizeram representar, dizendo: “Para nós o Papa é um guia, do ponto de vista moral e humano”
O Patriarca de Constantinopla escreveu uma carta augurando uma pronta recuperação: “Caro irmão e amigo, nestes momentos difíceis rezamos com todo o coração e pedimos ao Senhor, que é a medicina das nossas almas e do nosso corpo, que te conceda uma pronta recuperação”.
Mesmo sem voz, o Papa fala e dá que falar.