após três anos do fim da guerra civil angolana, o governo falha no cuidado do grande número de retornados. Minas terrestres e violência fazem parte do dia a dia destas pessoas.
após três anos do fim da guerra civil angolana, o governo falha no cuidado do grande número de retornados. Minas terrestres e violência fazem parte do dia a dia destas pessoas. Centenas de milhares de refugiados recém retornados, pessoas deslocadas e ex-combatentes enfrentam grandes desafios na sua tentativa de reintegração à sociedade. Neste processo de reintegração contam com muito pouco apoio do governo.
Regressam a comunidades que foram devastadas e fixam-se em zonas contaminadas por minas terrestres. Em algumas partes do país as próprias autoridades molestam, extorquem e abusam sexualmente dos retornados que não estejam munidos de documentos de identificação.
O Observatório dos Direitos Humanos (HRW), publicou hoje 17 de Março, o relatório intitulado: “Voltando à casa: o retorno e reintegração em angola”. Este relatório documenta a realidade destas pessoas que retornaram a localidades que ainda não possuem serviços sociais, assistência médica, educação ou oportunidade de emprego.
Os idosos, deficientes, viúvas, mulheres chefe-de-família enfrentam maior desvantagem com a falta de assistência governamental. Esta realidade é ainda mais dramática nas áreas rurais.
O governo angolano alega não possuir os recursos necessários para oferecer ajuda aos retornados. Mas ao mesmo tempo oculta as receitas da venda de petróleo, negócio muito proveitoso devido ao imprevisível aumento do preço de venda.
ao terminar o conflito em 2002 o governo comprometeu-se a criar condições para a fixação dos retornados e a dar apoio aos ex-combatentes da União Nacional para a Total Independência de angola (UNITa) no processo de desmobilização e reintegração. Três anos mais tarde estas continuam a ser promessas vazias.
Neste momento crucial é preocupante o facto de as Nações Unidas (ONU) estarem a reduzir a sua presença em angola. Cortes no financiamento têm forçado o Programa de alimentação Mundial (PaM) a reduzir a distribuição de alimentos. Também o Escritório da ONU para a coordenação dos assuntos humanitários está retirando a sua presença do campo.
Os angolanos encontram-se no abismo “emergência-desenvolvimento”. a assistência humanitária é reduzida, no entanto a ajuda para o desenvolvimento ainda não chegou. O povo angolano fica desamparado.
“O governo de angola não pode desapontar sua população. E, ao mesmo tempo, as Nações Unidas não deveriam abandonar angola neste momento crítico. ” Esta é a conclusão de Takirambudde, director executivo da divisão da África da HRW.