Fátima recebeu ontem centenas de imigrantes do Leste, que seguindo a tradição à distância, celebraram a Páscoa, numa cerimónia que demorou mais de quatro horas
Fátima recebeu ontem centenas de imigrantes do Leste, que seguindo a tradição à distância, celebraram a Páscoa, numa cerimónia que demorou mais de quatro horas a capela bizantina da Domus Pacis – Casa da Paz – encheu-se ontem de preces de rito bizantino e de imigrantes do Leste, que se deslocaram ao local para celebrar a Páscoa. aliás, o espaço foi pequeno para acolher as cerca de duas mil pessoas que assistiram às cerimónias, o que obrigou a que muitos dos fiéis ocupassem as salas adjacentes à capela.
Cá fora, as escadas e o largo junto à Domus Pacis também estavam apinhados de fiéis, que dirigiam todos os olhares para a entrada principal do edifício à espera que Eugénio Kolossk, sacerdote ucraniano que presidiu às cerimónias, procedesse à bênção das dezenas de cestos, que se encontravam no local, repletos de doces, ovos coloridos e muitas velas acesas.
“é tudo confeccionado segundo a cozinha ucraniana, o chouriço, os bolos, os ovos”, assegura Oleg Levchenko, que está em Portugal há seis anos. E prossegue, num português quase perfeito: “ainda estamos em jejum, só vamos almoçar depois do padre Eugénio benzer os produtos que estão dentro dos cestos. é o nosso almoço. a bênção serve para dar sorte”.
Então e é a primeira vez que vem celebrar a Páscoa a Fátima? “Venho todos os anos, revela aquele imigrante, que está acompanhado por um grupo de amigos de andanças semelhantes. E a sorrir acrescenta: é muito bonito!”. Depois, confessa: “Este ano, há mais gente”.
Debaixo de um céu cinzento, a ameaçar chuva, Oleg Levchenko conta ainda que viajou de Rio Maior com o intuito de participar naquelas cerimónias, que duraram toda a manhã. “Quando cheguei às 10 horas, já não consegui lugar lá dentro”, lamenta.
Carlos Saraiva, responsável pela Domus Pacis, comentava, à margem das cerimónias, que a capela bizantina da Domus Pacis começa a não ter capacidade, sobretudo nas grandes celebrações, para receber os imigrantes que, todos os domingos, se deslocam ao local para assistir à missa dirigida especificamente àqueles imigrantes.
O actual gerente da Domus Pacis queixa-se ainda da falta de apoios das entidades locais, que, segundo diz, não se mostram interessadas em apoiar este tipo de iniciativas. E dirigindo o olhar para centenas de imigrantes, misturados com peregrinos de outros credos e viaturas que passavam pela Rua São Vicente de Paulo, diz: “Nem sequer há um polícia a controlar o trânsito”.
Quase no final das cerimónias, o sacerdote Eugénio Kolossk disse à Fátima Missionária não estar surpreendido com a grande afluência dos imigrantes: ” a Páscoa é uma festa muito bonita. Representa a ressurreição do Senhor, é natural que as pessoas queiram celebrar este acontecimento”, argumenta.
após ter procedido a centenas de bênçãos, e exibindo já alguns sinais de cansaço, o sacerdote ucraniano recuperava o fôlego para atender os últimos fiéis que permaneciam no local.