Em 2012 nasceram em Portugal pouco mais de 90 mil crianças. Menos sete mil do que no ano anterior. a situação é alarmante
Em 2012 nasceram em Portugal pouco mais de 90 mil crianças. Menos sete mil do que no ano anterior. a situação é alarmantePortugal é o segundo país do mundo onde nascem menos crianças. Só a Bósnia tem um índice de fecundidade inferior. Em fins de maio do ano passado, realizou-se na Fundação Calouste Gulbenkian uma conferência, organizada pela associação Portuguesa das Famílias Numerosas (aPFN), com a intervenção de vários especialistas em demografia, economia e políticas de família, na procura de soluções para contrariar a inversão demográfica. O professor alban d’Entremont, da Universidade de Navarra, fez aí declarações alarmantes. No ano 2100, se não forem tomadas medidas, Portugal pode ficar reduzido a metade da população atual. O país pode perder entre quatro a sete milhões de habitantes, se não se inverter a queda da natalidade e a mortalidade aumentar. Estamos perante um lento suicídio de um país. É uma previsão, aliás, sustentada por um relatório das Nações Unidas. O governo tem que tomar consciência do problema e atacá-lo já, até porque a natalidade ajuda a relançar a economia, recomenda o professor de Navarra, que acrescenta: Os filhos são um recurso valioso para o país, devolvem vinte vezes mais riqueza à sociedade do que aquilo que consomem. Uma população envelhecida apenas consome muitos fármacos e camas de hospitais e desequilibra a balança. Mais filhos quer dizer mais consumo e maior crescimento. Terá futuro um país de velhos? Não há fórmulas mágicas para resolver o problema, mas o governo tem que começar por repor a justiça e deixar de penalizar as famílias com mais filhos que neste momento pagam mais impostos face à capacidade financeira que têm, declarou ana Cid GonçAlves, secretária geral da aPFN, que acrescenta: a crise económica pode passar em meia dúzia de anos, mas a crise da natalidade, que tem um impacto imediato no consumo e na economia, tem consequências muito mais profundas e desastrosas a médio prazo para o país. Também na produção cultural, na educação, no sistema de valores e nas relações entre gerações. Para quando uma cultura que favorece a natalidade?É por isso muito oportuna a última carta pastoral dos bispos portugueses Força da família em tempos de crise que apresenta pistas de ação. Contra todo o pessimismo e egoísmo que obscurecem o mundo, a Igreja está do lado da vida humana. Defende-a, promove-a e alimenta-a, apoiando incondicionalmente a família e a natalidade, porque crê firmemente que a vida humana é sempre um esplêndido dom de Deus e um enorme benefício para a humanidade.