«assistimos a conversões forçadas, submissão de direitos das mulheres, assassínios de padres, proibição de escolas, destruição de templos e a diplomas legais que condicionam outras práticas religiosas»
«assistimos a conversões forçadas, submissão de direitos das mulheres, assassínios de padres, proibição de escolas, destruição de templos e a diplomas legais que condicionam outras práticas religiosas»Há 30 anos, os cristãos maronitas eram o maior grupo religioso do Líbano. De tal modo, que a Constituição impôs a presença de um líder cristão numa das duas cúpulas do Estado. Hoje, estima-se que este número não passe dos 30 por cento. Há 40 anos, os coptas compunham perto de 20 por cento da população egípcia. Hoje, esse valor reduziu-se para metade.
Há 60 anos, a Igreja Católica iniciou um processo de abertura único, que culminou no Concílio Vaticano II. Daí em diante, tem vindo a implementar e a mudar a sua própria organização, apostando no diálogo inter-religioso, no ecumenismo e num discurso de tolerância religiosa consistente, que tem aproximado a instituição do mundo moderno. Ora, essa aposta no diálogo e na tolerânciaconfunde-se, a espaços, com relativismo.

Isto num momento em que outras religiões, em particular o islamismo, cerram fileiras, rejeitam qualquer diálogo e apostam no proselitismo como molde de formação dos seus crentes. Em que os líderes religiosos tomam conta do espaço público e assumem-se como atores políticos concretos, condicionando o poder aos seus interesses. Seja pelo fundamentalismo, seja pela falta de vontade em punir as perseguições religiosas. Porque sabem que têm uma mole de gente que irá votar de acordo com as suas indicações.
O preço a pagar é a submissão do Estado à religião. a uma religião que não concede direitos a crentes de outras confissões. Esse é o caso do Paquistão, por exemplo, onde as perseguições aos cristãos estão a ultrapassar os limites do aceitável. Não há paz nas fronteiras entre as duas maiores religiões, num conflito pelo coração e pelas mentes dos crentes, em que uns lutam com todas as armas e os outros estão reféns de um discurso de tolerância.

Pelo meio, temos media ocidentais que valorizam o relativismo e exigem à Igreja um discurso de tolerância permanente. E por isso, os apelos da hierarquia ou as denúncias de cabeças cortadas de cristãos no interior da Nigéria não têm eco concreto fora do universo católico. Exemplo disso é a ONU, que pouco tem feito nesta área. Os países islâmicos funcionam como força de bloqueio e o resto do mundo não considera este problema uma prioridade.

Nos entretantos desta tragédia, assistimos a conversões forçadas, submissão de direitos das mulheres, assassínios de padres, proibição de escolas, destruição de templos e a diplomas legais que condicionam outras práticas religiosas. Perante a complacência de um mundo que confunde relativismo com cobardia e tolerância com cumplicidade.