as peças que fazem parte do puzzle da vida e da nossa felicidade são Deus, os outros, as experiências e escolhas que fazemos
as peças que fazem parte do puzzle da vida e da nossa felicidade são Deus, os outros, as experiências e escolhas que fazemos Todos andamos em busca de sentido para a vida, de experiências que nos realizem como seres humanos e filhos de Deus, de pessoas que connosco partilhem esta aventura chamada vida de uma forma próxima e profunda. Por isso estamos sempre a aprender com o que Deus nos oferece, com as escolhas que fazemos e com as experiências que partilhamos com os outros. De vez em quando, falando do sentido da vida, proponho às pessoas uma comparação entre a vida e um puzzle. as peças que fazem parte do puzzle da vida e da nossa felicidade são precisamente as que acabei de mencionar: Deus, os outros (família, amigos), as experiências e escolhas que fazemos. E do muito que vamos aprendendo ao longo da vida há uma peça que nos faz uma certa confusão: a peça da contradição. Do ponto de vista meramente humano, há coisas que não deveriam ser como são, sobretudo as que são boas ou sabem bem, mas que, consumidas ou feitas de forma exagerada, acabam por fazer mal. No plano afetivo, a família, por exemplo, deveria ser a comunidade do amor, da partilha, da solidariedade e união mas nem sempre é o caso. Bem pelo contrário: cada vez mais aparecem casos de famílias disfuncionais, onde a crise de valores tem consequências negativas e, em certos casos, trágicas. Porém, acredito que mesmo no meio de tanta contradição que encontramos na vida, há uma lição que devemos aprender: a de que a vida não é nossa a cem por cento, mas que dependemos de outros e outros dependem de nós e que tudo, mesmo as experiências negativas ou contraditórias, são parte de um processo de aprendizagem. Na dimensão da fé, as contradições também são muitas, sendo uma das mais comuns a seguinte: porque só morrem as pessoas boas? Mas comecemos pelo sujeito principal da nossa relação com Deus: Jesus Cristo. a vida dele está cheia delas, começando pelo seu nascimento numa manjedoura. afinal, se era Rei porque nasceu em tais condições? Como profeta único e incomparável, poderia ter escolhido discípulos mais capazes, ter feito amizades com os grandes da sociedade e da religião, ter vivido mais anos e ter sido incrivelmente famoso e poderoso, mas escolheu um estilo de vida mais simples, servindo, amando, perdoando, consolando, contando parábolas chocantes como a do filho pródigo ou a do bom samaritano, lavando os pés aos discípulos e, a maior de todas, dando a vida na cruz por todos, condenado por ter feito somente o bem. a cruz é a maior das contradições que nele encontramos, do ponto de vista humano; mas a fé ajuda-nos a compreender a sua lógica e atitude de vida. Ele convidou alguns a segui-lo de mais perto, os quais tiveram de aprender a lógica da contradição, do amar os inimigos, do viver para servir e não para serem servidos, do amar e defender a dignidade e valor dos mais pobres e indefesos, de partilhar a vida com eles, de serem como crianças e de fazer a vontade de Deus Pai/Mãe. Sabemos que Cristo não terminou a sua missão e, como prova do seu grande amor e confiança na capacidade dos seus amigos e discípulos, enviou-os pelo mundo fora a dar continuidade ao seu projeto de amor, um projeto que está resumido na única oração que Ele nos deixou. Sabemos também que, dois mil anos depois, Ele continua ainda a ser um ilustre desconhecido para muitos povos e culturas, ou um ilustre ignorado para quem o conhece e deixou de seguir o seu método e estilo de vida. Num mundo que cada vez mais se afasta de Deus, que o tenta anular, a missão de Cristo é cada vez mais urgente e imperiosa. Sabemos que a messe é grande e os trabalhadores são poucos. Peçamos, como tal, ao Senhor da messe que envie operários, muitos e santos e que se apaixonem por este homem, encontrando na contradição da sua vida e nas contradições das suas próprias vidas a lógica e o método que conduzem à verdadeira felicidade. Sim, porque é de felicidade e união plena com Deus que nos fala o Evangelho, o qual não é um livro mas sim a própria pessoa de Jesus. Jovem, deixa-te questionar por este homem que dá sentido à tua vida, para que através de ti Ele dê sentido à vida de muitos.