Entrou em vigor em janeiro deste ano a lei aprovada pelo senado francês que impede os supermercados de deitar fora ou destruir produtos que estejam no fim da validade. é o primeiro país do mundo a fazê-lo
Entrou em vigor em janeiro deste ano a lei aprovada pelo senado francês que impede os supermercados de deitar fora ou destruir produtos que estejam no fim da validade. é o primeiro país do mundo a fazê-loSabia que o desperdício de alimentos é o terceiro emissor de CO2 do mundo? E não só! Os alimentos que são destruídos ou deitados fora, e que estejam em boas condições, poderão minorar a fome a muita gente que deles carece.
a nova lei aprovada por unanimidade no senado francês prevê que os supermercados fiquem proibidos de desperdiçar produtos que estejam a aproximar-se do fim do prazo da validade. Em alternativa, estes estabelecimentos podem doar esses mesmos alimentos a instituições de caridade ou bancos alimentares, uma forma de ajudar pessoas mais carenciadas.
De acordo com a nova legislação, os diretores dos estabelecimentos franceses, com 400 metros quadrados ou mais, devem assinar contratos que estabelecem um sistema de doações com essas associações. Caso contrário, esses responsáveis arriscam-se a multas superiores a 75 mil euros ou penas que podem chegar aos dois anos de prisão.
Segundo o jornal britânico The Guardian, a lei foi inspirada por uma campanha contra o desperdício alimentar, e que levou a uma petição organizada pelo vereador de Courbevoie, arash Derambarsh. O vereador referiu ainda: O próximo passo é pedir ao presidente François Hollande que faça pressão sobre Jean-Claude Juncker para estender esta lei a toda a União Europeia.
Em declarações ao jornal britânico, Jacques Bailet, o responsável pela Banques alimentaires, descreveu esta lei como positiva e simbolicamente muito importante. O mais importante, uma vez que os supermercados ficam obrigados a assinar um acordo com as instituições, é que vamos conseguir aumentar a qualidade e a diversidade da comida, afirmou. Em termos de equilíbrio nutricional, temos neste momento um défice de carne e uma falta de fruta e vegetais. Esta lei vai permitir-nos conseguir mais esse tipo de produtos, explicou.
além disso, a lei torna muito mais fácil o processo de um determinado setor alimentar poder dar de forma direta os seus excessos de produção a instituições de caridade, que antes se revelava muito complexo. Isso acontecia, por exemplo, quando uma fábrica que produzia iogurtes, mas com o nome de uma determinada marca de supermercado, queria dar os seus excessos. É algo muito importante para os bancos alimentares porque é uma fonte real de produtos com qualidade, que vêm diretamente da fábrica. Esta batalha está só a começar. agora temos de combater este desperdício nos restaurantes, padarias, cantinas de escolas e de empresas, diz o responsável da Banques alimentaires
Os franceses deitam fora 20 quilos de alimentos por pessoa, desperdício que gera prejuízo de 12 biliões a 20 biliões de euros ao ano, de acordo com o Ministério do Meio ambiente de França. ao levarmos em conta que o desperdício gera prejuízos, impatos no meio ambiente e deixa de alimentar as pessoas com fome, a nova lei é digna de aplausos, desde que se ateste que os alimentos estejam em boas condições para consumo.
Por outro lado, também os restaurantes franceses que sirvam mais de 180 refeições estão obrigados, desde o dia 1 de janeiro, a entregar os restos aos clientes, quando solicitados. Para tal, os estabelecimentos têm de ter embalagens próprias para o cliente levar. Em França, todos os anos, vão para o lixo sete milhões de toneladas de comida, quando três milhões e meio de pessoas dependem da caridade para comer.
Nada melhor para fim de comentário que um exemplo positivo português no respeitante ao desperdício. Sabia que aproveitar legumes feios, os chamados vegetais não-normalizados, para fazer produtos próprios, tem sido um labor do Pingo Doce? Esse trabalho foi agora reconhecido com um prémio Ruban d’Honneur, na categoria de award for Environmental and Corporate Sustainability, dos European Business awards 2015/2016, que envolveram mais de 32 mil empresas de 33 países.
Integrada no projeto Combate ao Desperdício alimentar em Todas as Frentes, em Portugal, a ação do aproveitamento dos vegetais não-normalizados, antes abandonados nos campos, levou o grupo a desenvolver um processo de compra aos fornecedores para a sua introdução nas receitas da área de negócio de Meal Solutions, do Pingo Doce. É de salientar que foram incorporados mais de 3. 400 toneladas destes alimentos nos dois últimos anos.
Paralelamente, o grupo promove uma política de doação a instituições de solidariedade social em Portugal de produtos alimentares que, encontrando-se perto do fim da validade ou que não possam ser comercializados, cumprem todos os critérios de segurança alimentar. Conclusão: quando há sensibilidade à causa social nem sequer são precisas leis para beneficiar os desfavorecidos. Desejamos muito sinceramente que outras instituições sigam este exemplo que é digno de louvor.