A especialista da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), Carla Mucavi, manifestou-se esta semana extremamente preocupada com a situação de mais de 320 milhões de crianças em todo o mundo que estão privadas das refeições escolares, devido ao encerramento das escolas provocado pelo novo coronavírus.
«É uma grande preocupação. Mesmo em países desenvolvidos, sabemos que as grandes imposições que foram tomadas também foram de encerramento de escolas e é lá que as populações vulneráveis, sobretudo as crianças, eram alimentadas. Nós temos programas alargados de alimentação escolar, que permitem que as crianças tenham uma refeição, que muitas vezes não tem nas suas casas», afirmou a responsável, em declarações à ONU News.
Só na América Latina e Caraíbas, os programas de merenda escolar beneficiam 85 milhões de crianças, sendo que, para cerca de 10 milhões, estas refeições são a fonte diária de alimentos mais confiável. Por outro lado, para as famílias pobres, o valor de uma refeição na escola é equivalente a perto de 10 por cento do rendimento mensal do agregado familiar. E para famílias com vários filhos na escola, isso pode significar uma grande perda de rendimento.
Para minimizar o problema, Mucavi sugere a distribuição de alimentos para as famílias mais carentes, estabelecendo prazos de entrega nas escolas ou através de unidades móveis, ou o alargamento dos programas de proteção social, aumentando, por exemplo, as transferências de rendimento num valor correspondente ao custo das refeições.
A especialista propõe ainda que as merendas escolares sejam doadas a entidades responsáveis por assistência alimentar, como bancos de alimentos, organizações não-governamentais e igrejas, mediante uma rigorosa monitorização dos protocolos de segurança alimentar, e que sejam eliminados impostos sobre alimentos básicos para famílias com crianças em idade escolar, especialmente para trabalhadores dos setores económicos mais afetados.