Uma peregrinação é sempre motivo de festa. Festa pelo encontro, pela partilha e pela celebração. A 30ª Peregrinação Anual da Família Missionária da Consolata a Fátima, que se realizou no passado dia 15 de fevereiro, foi tudo isso e muito mais. Assinalou o 30º aniversário do fundador dos missionários e missionárias da Consolata, o beato José Allamano, teve a presidir às celebrações o primeiro missionário da Consolata português a ser nomeado bispo, Diamantino Antunes, e contou com a participação do primeiro Superior Provincial da recém-criada Região Europa, o padre Gianni Treglia. No regresso a casa, os milhares de peregrinos que se deslocaram à Cova da Iria levaram incentivos mais do que suficientes para viver um novo ‘fulgor’ missionário.
O pontapé de saída para a jornada celebrativa foi dado na sexta-feira à noite, dia 14, com uma vigília, participada por cerca de 300 jovens de vários pontos do país. Aos momentos de animação musical, de oração e reflexão, juntou-se o primeiro apelo do bispo de Tete. “Apelamos a que os jovens se mantenham firmes na fé, com forte espírito missionário porque a fé só cresce na medida em que se vive e se testemunha”, disse Diamantino Antunes, num desafio ao renovamento do espírito missionário, que viria a vincar, no dia seguinte, na Eucaristia principal da peregrinação.
Perante uma assembleia que quase lotou a Basílica da Santíssima Trindade, no Santuário de Fátima, o prelado recordou o exemplo de santidade do beato Allamano para convidar os peregrinos a reacenderem o espírito missionário “com fidelidade e criatividade”. Na homilia, polvilhada com elementos históricos e auto-biográficos, ilustrativos da sua longa experiência em Moçambique e da relação deste país com os 75 anos de presença da Consolata em Portugal, Diamantino Antunes aproveitou também para pedir o apoio de “recursos humanos e meios”, para a sua nova diocese.
Gianni Treglia, que na saudação aos peregrinos os havia desafiado a fazerem como Allamano, procurando “outras terras” de evangelização e novos dons para responder às carências dos mais necessitados, prometeu acompanhar e apoiar o trabalho do bispo de Tete.
Um dos pontos altos da peregrinação viveu-se, como habitualmente, nos Valinhos, com a realização da Via-Sacra, um momento pleno de interioridade e espiritualidade, que culminou com uma dramatização no Calvário Húngaro, inspirada no projeto anual da Consolata em Portugal “Nós somos Amazónia”.
Os jovens atores recordaram as tribos indígenas, as ameaças aos seus direitos e a destruição da floresta, pedindo a quem assistia para que não fechasse “os olhos” a esta realidade.
Para os peregrinos, participar nesta festa da fé, foi mais uma vez revigorante do ponto de vista espiritual. “Vêm de coração aberto e regressam de coração cheio”, sintetizou uma voluntária do Solidários Missionários da Consolata (SMC), referindo-se, em concreto ao grupo de 50 sem-abrigo, que se deslocaram de Águas Santas, na Maia, e foram os convidados especiais da peregrinação.
Texto: Francisco Pedro/Juliana Batista