É uma decisão histórica, elogiada e celebrada pelos defensores dos direitos dos povos indígenas. Um juiz brasileiro deu razão à ação movida pela União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (UNIVAJA) e impediu os missionários evangélicos da Missão Novas Tribos de entrarem em contacto com os povos isolados do Vale do Javari, lar onde está concentrada a maior comunidade de indígenas isolados do planeta.
Na sua decisão, o magistrado destacou “a especial vulnerabilidade dos indígenas isolados”, justificando que, sobretudo nesta fase de crise pandémica, “contatá-los é um grande risco”. Nesse sentido, e para fazer cumprir a determinação judicial, autorizou o uso da força policial e militar, e estabeleceu uma multa de 1.000 reais (cerca de 175 euros) para quem violar a proibição de contacto.
“Esta é uma decisão muito importante, pois reconhece os enormes perigos e o ato criminoso de forçar o contato com indígenas isolados. É um grande golpe para os missionários evangélicos que pensam que estão acima da lei no Brasil de Bolsonaro. As autoridades brasileiras devem agir imediatamente para fazer cumprir a decisão, expulsando todos os missionários do Vale do Javari, e garantindo que eles não tentem retornar na surdina, como fizeram no passado”, reagiu a diretora de pesquisa e campanhas da Survival Internacional, Fiona Watson.
A Missão Novas Tribos, “uma das maiores organizações missionárias fundamentalistas do mundo”, anunciou recentemente planos para entrar em contato com os povos indígenas do Vale do Javari e a compra de um helicóptero explorar o território, recorda a Survival Internacional, que lidera uma campanha para impedir a concretização deste plano e pedir a exoneração do missionário evangélico, Ricardo Lopes Dias, recentemente nomeado chefe da Coordenação Geral de Índios Isolados e de Recente Contato da Fundação Nacional do Índio (FUNAI).