Um trecho do Evangelho, relacionado com o episódio de Emaús, serviu de inspiração ao cardeal António Marto para descrever o cenário atípico que se viveu na noite desta terça-feira, 12 de maio, no início da peregrinação internacional aniversária, realizada pela primeira vez na história centenária das aparições sem a presença física de peregrinos.
“Fica connosco, Senhor, porque se faz noite”, afirmou o bispo de Leiria-Fátima, numa primeira invocação espontânea de quem sente “a noite escura que pesa sobre o mundo abatido por uma pandemia global”, de quem vive “uma noite escura de fé perante o aparente silêncio e ausência de Deus”, de quem “estremece e estranha esta noite tão diferente daquelas noites inigualáveis de 12 de maio – autênticos mares de luz – e que hoje mais parece um deserto escuro”.
Esta noite, no Santuário de Fátima, os milhares de velas habitualemente erguidas pelos peregrinos, foram substituídas por velas colocadas no recinto, a definir o percurso percorrido pela imagem de Nossa Senhora. Simbolicamente, foi pedido aos fiéis de todo o país que acendessem uma vela nas janelas das suas casas, para se unirem espiritualmente às celebrações. Um gesto realçado pelo cardeal.
“Sim, estais aqui todos os que nos seguis pelos mais diversos meios de comunicação com a luz e o calor acesos da fé que enche os vossos corações. A simbólica desta noite, completada com a celebração de amanhã [hoje], permite percorrer a geografia espiritual que forma a multidão de devotos de Nossa Senhora de Fátima repartidos por todo o mundo”, sublinhou António Marto.
Num momento de crise que atravessa todos os setores da sociedade, o bispo de Leiria-Fátima deixou ainda uma palavra de reconhecimento e de conforto a “quem mais sofreu e continua a sofrer” e aos “que mais lutaram e lutam pela saúde de todos”, desde os profissionais de saúde, aos elementos das forças de segurança, pobres, cuidadores e idosos.