A Organização das Nações Unidas (ONU) reuniu líderes religiosos para debater a forma como estes podem ajudar a enfrentar os desafios provocados pela Covid-19. O encontro virtual reuniu representantes do islamismo, cristianismo e judaísmo. A eles juntaram-se Miguel Ángel Moratinos, representante da Aliança das Civilizações, e Adama Dieng, assessor especial do secretário-geral para a Prevenção do Genocídio.
António Guterres, secretário-geral da ONU, apresentou quatro áreas prioritárias em que estes líderes podem atuar com soluções para combater a doença e ajudar na recuperação pós pandemia. O responsável considera que perante um mundo marcado por conflitos, os líderes religiosos devem “desafiar ativamente as mensagens imprecisas e prejudiciais contribuindo ao seu apelo de cessar-fogo”. Guterres pediu aos representantes do islamismo, cristianismo e judaísmo para apelarem à não-violência e à rejeição da xenofobia, racismo e todas as expressões de intolerância.
O secretário-geral das Nações Unidas recordou que a violência exercida sobre mulheres e raparigas tem aumentado de uma forma alarmante, e pediu aos líderes religiosos que condenem veemente estes atos e “apoiem os princípios comuns da parceria, igualdade, respeito e compaixão”.
Guterres lembrou recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) com vista à contenção da Covid-19, e pediu garantias de “que ações religiosas, incluindo adoração, cerimónias e práticas funerárias, cumpram essas medidas”. O responsável português lembrou ainda que a maioria dos alunos de todo o mundo se encontram fora dos estabelecimentos de ensino, e apelou ao apoio para que a educação possa continuar, pedindo aos líderes religiosos que atuem junto dos responsáveis pelo setor da educação em “busca de soluções para que a aprendizagem nunca pare”.
O encontro virtual foi ainda uma ocasião para que Tijjani Muhammad Bande, presidente da Assembleia Geral, pedisse mais ações contra o incitamento ao ódio e em favor da defesa das necessidades de populações mais frágeis. O responsável frisou que os níveis de pobreza poderão aumentar para até 500 milhões de pessoas, o maior aumento das últimas décadas. Entre os mais atingidos por este drama estão as mulheres, crianças, pessoas com deficiência, idosos, marginalizados e refugiados. Muhammad Bande defende que “é preciso transformar a crise numa oportunidade, e reconstruir de uma forma melhor”. O encontro virtual teve lugar na última terça-feira, 12 de maio.