A maioria dos países da região este de África restringiram as movimentações para travar o avanço da pandemia de Covid-19, mas os camionistas continuam a ser dos poucos com autorização para circular e entregar mercadorias, o que adensa o receio de que este grupo profissional possa converter-se num foco de transmissão da doença.
Todos os dias saem centenas de camiões dos portos do Quénia e Tanzânia, com mercadorias destinadas ao Uganda, Ruanda, Burundi, Sudão do Sul e República Democrática do Congo (RDC), e, ao longo da viagem, os motoristas param nas fronteiras, frequentam bares com más condições de higiene, e alguns até prostitutas, os que os transforma em potenciais vetores do novo coronavírus.
Com base no elevado número de casos positivos nos testes realizados a camionistas nas fronteiras, o Presidente ugandês, Yoweri Museveni, já manifestou preocupação publicamente em relação a esta classe profissional. No vizinho Ruanda, o aumento de casos confirmados da doença, tem sido atribuído em parte “aos camionistas e seus ajudantes”, enquanto na RDC e Sudão do Sul vários motoristas deram positivo nos testes.
“O que converte os camionistas num grupo de risco é a sua mobilidade. Estão em contacto com pessoas de diferentes círculos e regiões”, alertou Osborne Ndalo, médico de uma organização não governamental do Quénia, dando o exemplo de um motorista queniano que quando deu positivo na fronteira com o Uganda já tinha infetado pelo menos quatro pessoas durante o trajeto, inclusive a sua noiva.