Um relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) revela que o sistema de saúde da Guiné-Bissau pode colapsar devido à pandemia do novo coronavírus, doença que já infetou quase 1.200 no país e provocou oito vítimas mortais. “Se em tempos normais, o sistema de saúde local é altamente frágil, com a Covid-19 pode colapsar”, alerta o documento.
A Guiné-Bissau tem o segundo sistema de saúde mais frágil do mundo, a seguir à Somália, e enfrenta os valores mais altos de prevalência de sida e tuberculose da África Ocidental. A falta de investimento no setor da saúde, aliada a infraestruturas precárias e a greves constantes, “constituem obstáculos substanciais a intervenções de resposta adequadas para impedir a propagação do vírus”, refere o relatório, citado pela agência Lusa.
O país tem um médico por quase 6.000 habitantes, não há especialistas em unidade de cuidados intensivos e a produção de oxigénio não é assegurada no principal hospital do país, o Hospital Nacional Simão Mendes. Fora da capital guineense ainda não existe um estabelecimento hospitalar preparado para tratar casos de Covid-19.
Perante este cenário, agravado pelo estigma social associado à doença e à dificuldade de grande parte da população de cumprir o isolamento e a quarentena, os especialistas da ONU temem o pior: “Como o sistema de saúde é frágil e não atinge a maior parte da população, está fadado ao colapso assim que houver transmissão comunitária”.