A Organização Pan-americana da Saúde (OPAS) publicou esta semana um guia com várias recomendações para mitigar o impacto da Covid-19 nas comunidades indígenas, afrodescendentes e outros grupos étnicos especialmente afetados pela pandemia. Entre as várias propostas, pede-se o acesso a água e sabão, o envolvimento dos médicos tradicionais e a transmissão de informações em línguas nativas.
“É importante ter em conta que o racismo estrutural e a discriminação histórica que estas populações têm sofrido e continuam a sofrer geram uma situação de vulnerabilidade aos efeitos da pandemia em relação à população em geral”, destacou a OPAS, uma instituição tutelada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os grupos alvo do guia enfrentam níveis mais elevados de pobreza e menores de escolarização, assim como falta de acesso à água potável e ao saneamento, bem como barreiras culturais, inclusive linguísticas. Além disso, têm maior prevalência de doenças crónicas, menor acesso a redes de segurança social, preceitos culturais opostos ao distanciamento social e altos índices de trabalho informal, o que aumenta o risco de contraírem a Covid-19.
Neste sentido, a publicação pede que se assegure “que todos os membros do lar saibam o que fazer se alguém da família adoece com Covid-19 e o apoio específico que devem oferecer”, e recomenda que seja incluído o conceito de etnicidade nos registos de saúde, que seja tida em conta a cultura para elaborar campanhas de saúde pública, que sejam tomadas medidas adaptadas às necessidades dos diferentes grupos étnicos, e consideradas as tradições e os costumes para a manipulação de cadáveres no contexto da pandemia.