O aumento do número de pessoas de Cabo Delgado que têm fugido para Nampula, devido à violência na província, está a causar a sobrelotação dos centros de acolhimento e a deixar milhares de pessoas em condições “deploráveis”, devido à falta de alojamento, escassez de bens alimentares e às deficientes condições higiénicas, denunciou a Comissão Episcopal para Migrantes, Refugiados e Deslocados (CEMIRDE).
A organização privada, pertencente à Igreja Católica em Moçambique, tem estado a apoiar as famílias deslocadas, mas alerta para a urgência de medidas que assegurem os cuidados básicos e previnam eventuais contágios com Covid-19. “Há falta de tendas, e pela forma como as pessoas vivem, não vai levar dois dias sem que todos se contaminem com a doença. Por isso, o mais urgente são tendas para distanciar as pessoas”, apelou Charles Moniz, vice-coordenador da organização na província de Nampula.
Segundo o responsável, citado pelas agências internacionais, “a CEMIRDE tentou priorizar aqueles que chegaram recentemente, oferecendo máscaras de prevenção da Covid-19, produtos alimentares como arroz, farinha de milho, açúcar e bolachas paras as crianças, sal e óleo alimentar”. No entanto, é necessário fazer mais e de forma rápida, para impedir a propagação da pandemia.
As autoridades moçambicanas apontam para a existência de cerca de cinco mil deslocados, na sua maioria acolhidos nos distritos de Meconta e Nacarôa, mas a Comissão Episcopal para Migrantes, Refugiados e Deslocados acredita que o número pode ser superior, alegando que muitas das pessoas que fugiram não estão ainda registadas.