Mais de 35 milhões de pessoas em todo o mundo padecem de transtornos por consumo de drogas e a pandemia ameaça agravar ainda mais os perigos destas substâncias, segundo o mais recente relatório da agência das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNDOC, na sigla em inglês), que aponta para um aumento de 30 por cento no número de consumidores nos últimos 10 anos.
De acordo como os especialistas da agência, o aumento do desemprego e a redução de oportunidades provocadas pela pandemia podem afetar de forma desproporcional os mais pobres, tornando-os mais vulneráveis ao consumo de estupefacientes, mas também ao tráfico e cultivo de drogas para ganharem algum dinheiro.
“Os grupos vulneráveis e marginalizados, os jovens, as mulheres e os pobres pagam o preço do problema mundial das drogas. A crise de Covid-19 e a recessão económica ameaçam agravar ainda mais os perigos das drogas, quando os nossos sistemas sociais e de saúde foram levados ao limite e as nossas sociedades estão a lutar para lhe fazer frente”, afirmou a diretora executiva da UNDOC, Ghada Waly.
O consumo de drogas aumentou mais rapidamente entre os países em desenvolvimento durante o período 2000-2018, do que nos países desenvolvidos. Os adolescentes e os adultos jovens representam a maior parte dos que usam drogas, sendo os jovens os mais vulneráveis aos efeitos das drogas porque a usam mais e os seus cérebros ainda se estão a desenvolver.
A cannabis foi a substância mais consumida em todo o mundo em 2018, com uma estimativa de 192 milhões de pessoas. No entanto, os opioides continuam a ser os mais prejudiciais, já que, na última década, o número total de mortes por transtornos pelo seu consumo aumentou 71 por cento, com uma subida de 92 por cento entre as mulheres, adianta o relatório.