A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) emitiu um alerta, depois de ter recebido relatos da utilização do selo da instituição para a prática de fraudes com o tráfico ilícito de bens culturais africanos. O valor da mercadoria roubada e comercializada ronda já o milhão de euros.
Segundo a diretora-geral da agência, os traficantes alegam que a UNESCO está a autorizar este tipo de comércio e até certifica o valor das coleções. Para se tornarem mais credíveis aos olhos dos potenciais compradores, mostram documentos com o logotipo da organização, usam cartões de visita falsificados e nomes de funcionários da agência.
Para Audrey Azoulay, este roubo de bens culturais é um “flagelo global lucrativo”, que na maioria dos casos está ligado a outras formas de crime organizado incluindo o terrorismo. A maioria das vítimas deste tipo de fraude vive em França e está de alguma forma ligada a países africanos de língua francesa.
Nos últimos cinco anos, a UNESCO apoiou dezenas de países a incorporar nas suas leis nacionais as disposições para a prevenção do tráfico ilícito de bens culturais, que vêm contidas na Convenção de 1970, e incentivou a restituição dos objetos retirados ilegalmente desses territórios.
A agência sublinha que fornece aos Estados conhecimentos essenciais sobre normas legais, dados de referência sobre tráfico, um banco de dados de leis nacionais e ferramentas práticas, mas nunca emite certificados ou autorizações para a comercialização de bens culturais.