O Supremo Tribunal Federal brasileiro deu um prazo de 48 horas ao Presidente, Jair Bolsonaro, e a vários outros responsáveis do governo, para que se manifestem sobre o que está a ser feito para proteger as populações indígenas face à pandemia de Covid-19. A notificação surge no âmbito de uma ação apresentada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB).
Segundo a APIB, organização que coordena a luta dos povos originários pelos seus direitos, o “principal objetivo da ação é que o governo federal execute um plano de emergência para proteger os povos indígenas, em especial os isolados”, que instale barreiras sanitárias e impeça a “presença impune” de invasores nas suas terras, estimulados por “políticas governamentais e pelo discurso de ódio do próprio Presidente da República”.
A Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), vinculada ao Ministério da Saúde do Brasil, informou na quinta-feira, 2 de julho, que 166 indígenas morreram e 7.198 foram infetados pelo novo coronavírus, desde o início da pandemia. Contudo, a APIB garante que os números são bem superiores, apontando 10.341 casos de infeção e 408 óbitos de índios.
A divergência entre os dados do governo e de entidades indígenas tem sido uma constante desde o início da pandemia, e já mereceu críticas da coordenadora da APIB. “A SESAI faz uma seleção de quem eles acham que é indígena e quem não é. Então, eles não registam indígenas que estão em contexto urbano. A própria estrutura da SESAI, sem atendimento próximo a algumas aldeias, faz os indígenas irem para os municípios. Lá, eles entram na contagem normal do município, sem serem considerados indígenas com Covid-19″, explicou Sonia Guajajara.