Um especialista em direitos humanos e relator das Nações Unidas para saúdes física e mental lançou um apelo aos Estados-membros, à sociedade civil, organizações psiquiátricas e Organização Mundial de Saúde (OMS), para que operem uma mudança radical na forma como estão a lidar com a saúde mental.
Em comunicado, Dainius Pura diz que o atual modelo de resposta a doenças e transtornos mentais está ultrapassado e a necessitar de um novo paradigma, dando como exemplo, o facto das pessoas com problemas de saúde mental ainda serem apelidadas como “loucas” ou “más”, e referenciadas como tendo comportamentos “perigosos”.
Para o especialista, esta forma arcaica de lidar com a doença mental leva à dominância de modelos biomédicos que resultam em abusos de remédios e de internações, já que, na sua opinião, a situação atual no cuidado e tratamento de doenças mentais ignora o contexto social, político e existencial que leva à alta prevalência de sentimentos como ansiedade, tristeza, medo e outras manifestações de stress mental.
Doutorado em medicina e professor de Psiquiatria e Saúde Mental de crianças e adolescentes, Dainius Pura lembra que a pandemia exacerbou as falhas do sistema atual de tratamento de saúde mental, e reforça que este é o momento de demonstrar vontade política de abandonar de vez os internamentos e o abuso de substâncias no tratamento dessas doenças.