“Apesar da atual pandemia de Covid-19, que lança novos desafios no Paquistão, a intolerância religiosa e a discriminação têm aumentado nos últimos meses”, denuncia a Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), numa declaração em que condena os atos de violência contra as minorias religiosas e apela às autoridades locais para que encontrem os responsáveis pelos crimes e os levem perante a justiça.
No documento, citado pela agência Fides, os elementos da CNJP recordam o falecimento recente de um cristão de Peshawar, após ter sido baleado por ter comprado uma casa numa área dominada por muçulmanos. Os vizinhos não aceitaram a presença de um não muçulmano no seu bairro.
“A sociedade paquistanesa tornou-se mais intolerante e viver como uma minoria religiosa é cada vez mais difícil. E há muitos incidentes que não são denunciados. As minorias religiosas continuam a sofrer discriminação como parte da sua vida quotidiana”, refere a declaração, exemplificando com a recusa de fornecer alimentos ou proporcionar ajuda aos não muçulmanos durante a pandemia, ou com a deficiente proteção pessoal para os profissionais de saúde, na primeira linha do combate.
A CNJP, um organismo tutelado pela Conferência Episcopal Paquistanesa, assinala ainda a polémica em torno da construção de um templo hindu em Islamabad, travada por um grupo de muçulmanos extremistas. “Esta ação reflete a falta de aceitação das minorias religiosas que são parte do país há séculos. O governo deve trabalhar para salvaguardar os direitos das minorias religiosas no Paquistão, consagrados na Constituição”, lê-se na nota.