O Papa Francisco aproveitou a Missa celebrativa do sétimo aniversário da sua viagem à ilha italiana de Lampedusa, local de chegada à Europa de muitos migrantes, para denunciar “o inferno” por que passam os refugiados nos campos de detenção da Líbia, enquanto aguardam uma oportunidade de zarparem para o continente europeu.
“Não imaginam o inferno que lá se vive, nesses campos de detenção. Essas pessoas só vinham com uma esperança, atravessar o mar”, afirmou o Pontífice esta quarta-feira, 8 de julho, durante a celebração alusiva à sua deslocação, em 2013, a um local símbolo da crise migratória por estar localizado no meio da perigosa rota do Mediterrâneo central, tantas vezes palco de naufrágios.
Naquela visita, Francisco ouviu o testemunho de alguns migrantes e recordou, em particular, o caso de alguém que esteve longo tempo a contar a sua história e que o tradutor resumiu. No final, uma mulher que conhecia a língua africana do homem disse ao Papa que o tradutor não lhe transmitiu “nem a quarta parte das torturas e sofrimentos” que o migrante confessou.
“Deram-me a versão destilada. Isto acontece atualmente com a Líbia, dão-nos uma versão destilada da guerra”, sublinhou o Santo Padre, convidando os fiéis a pensarem na situação dos migrantes do Norte de África e condenando “a globalização da indiferença”. “A cultura do bem-estar leva-nos a pensar em nós mesmos, torna-nos insensíveis ao grito dos outros, faz-nos viver em bolhas de sabão, que são bonitas, mas não são nada, são a ilusão do fútil, do provisório, que leva à indiferença em relação aos outros”, concluiu.