A crise provocada pela pandemia de Covid-19 está a causar “incertezas sem precedentes” nas cadeias de fornecimento de alimentos, interrompendo as previsões de médio prazo, que eram positivas, antes do mundo ser abalado por fortes impactos económicos e sociais, revela o relatório sobre o Panorama Agrícola divulgado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
Ainda assim, as agências da ONU preveem que, nos próximos 10 anos, o crescimento da oferta ultrapassará o aumento da procura, fazendo com que os preços reais da maioria das mercadorias permaneçam nos níveis atuais ou abaixo. Isto porque, além da pandemia, existem outros desafios como a invasão de gafanhotos do deserto na África Oriental e Ásia, a peste suína africana, eventos climáticos extremos e tensões entre grandes atores comerciais.
Segundo o relatório, os investimentos em tecnologia e a melhoria das práticas de cultivo devem ser responsáveis por 85 por cento do crescimento da produção, a realização de várias colheitas por ano será responsável por outros 10 por cento e a expansão das terras agrícolas equivalerão a cinco por cento do crescimento. Em 2024, a aquicultura deverá ultrapassar a pesca tradicional como a fonte mais importante do fornecimento de peixe no mundo, e no mesmo período, a produção mundial de gado deve crescer 14 por cento.