A crise interna, as secas nas províncias do sul, as inundações no início do ano, as pragas e os efeitos dos ciclones Idai e Kenneth, fazem de Moçambique um dos países mais vulneráveis ao impacto da pandemia e uma das nações que pode vir a enfrentar uma crise alimentar, alertam a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e o Programa Alimentar Mundial (PAM).
As exportações devem cair este ano, assim como o preço das matérias-primas, o que resultará em menos receitas para o governo e o aumento dos preços dos alimentos. Ao mesmo tempo, as restrições impostas pelo combate ao vírus e a depreciação da moeda local estão a reduzir os rendimentos para muitas famílias urbanas e rurais.
Segundo os responsáveis das duas agências, com o aumento do desemprego, provocado pela pandemia, as pessoas têm menos dinheiro para gastar em comida e os migrantes menos fundos para enviar remessas às famílias. Depois, verifica-se uma redução na produção e no fornecimento de alimentos e a queda das receitas do governo, o que significa que redes de segurança, como programas de proteção social e alimentação escolar, ficam com problemas de financiamento.