A Comissão Nacional dos Direitos Humanos de Moçambique está preocupada com a possibilidade de entrada de membros de grupos terroristas noutras províncias e cidades, dado o elevado número de deslocados de alguns distritos da província de Cabo Delgado, e a eventual falta de controlo por parte das autoridades policiais nas regiões de acolhimento.
“Sob a capa de deslocados, os insurgentes poderão entrar nas cidades e criar insegurança para toda a gente. As forças de defesa e segurança devem redobrar o seu esforço de vigilância porque o número de deslocados que sai do campo para a cidade é muito grande e não há tempo de avaliar quem é refugiado propriamente dito, ou quem é infiltrado no processo”, alerta o presidente da Comissão, Luís Bitone.
Os ataques terroristas começaram em Mocímboa da Praia, em outubro de 2017, e foram alastrando a outros distritos da província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique. Fruto desta onda de violência, já se registaram cerca de 1.000 mortos e mais de 250 mil deslocados.
Para travar os ataques, os investigadores do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais da Universidade Joaquim Chissano sugerem ao governo que assuma uma estratégia mais ofensiva, tendo em conta que o grupo terrorista demonstra ser “bem liderado”, mas demonstra fragilidades.
“Moçambique precisa reconhecer que enfrenta um grupo bem liderado, que se adapta com facilidade às condições que lhe são impostas e que está a saber aproveitar-se das lacunas e fraquezas do país, principalmente das Forças de Defesa e Segurança [FDS]”, lê-se num relatório sobre a situação de segurança no país, citado pela agência Lusa.