O mais recente relatório do secretário-geral das Nações Unidas sobre Crianças e Conflitos Armados indica que as crianças continuam a ser vítimas de violência do grupo extremista Boko Haram e das operações militares das forças governamentais na Nigéria. Muitos dos menores são utilizados para atentados à bomba ou para escravos sexuais.
Os investigadores analisaram mais de 5.700 violações graves contra menores entre janeiro de 2017 e dezembro de 2019 na Nigéria, nos Camarões, no Chade e no Níger, e concluíram que um total de 1.433 rapazes e meninas foram mortos ou mutilados, a maioria em ataques suicidas perpetrados pelo Boko Haram. Há ainda relatos de 64 incidentes de violência sexual afetando 204 crianças, 35 ataques a escolas e hospitais e 413 sequestros.
Das 3.601 ocorrências de recrutamento ou rapto verificadas, o Boko Haram é acusado de praticar 1.385. As crianças são posteriormente usadas como escravas sexuais ou colaboradores em ações de guerra, incluindo transportadoras de explosivos improvisados, conhecidas como “bombas humanas”.
Ao abrigo de um Plano de Ação assinado entre as Nações Unidas e a Força Tarefa Conjunta Civil, em setembro de 2017, um total de 3.794 crianças ligadas a grupos armados foram resgatadas e beneficiaram de serviços médicos, apoio psicológico e cursos intensivos no âmbito dos programas de reintegração desenvolvidos pelos parceiros de implementação do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
Neste momento, as atividades humanitárias permanecem temporariamente suspensas devido à recusa de acesso humanitário a milhares de crianças, mas a representante especial do secretário-geral da ONU para Crianças e Conflitos Armados, Virgínia Gamba renovou o empenho das Nações Unidas em continuar a apoiar o governo da Nigéria e os parceiros internacionais a superarem os desafios de melhoria da proteção das crianças nos conflitos armados, para que o Plano de Ação seja implementado na íntegra e assegurada a desvinculação de todas as crianças dos grupos armados.