A pandemia do novo coronavírus fez aumentar o consumo de oxigénio no Peru e colocou a nu a falta de reservas deste elemento químico vital nos hospitais públicos. Desde que o número de infetados começou a subir no país, há pelo menos dois meses, as pessoas passam horas em filas, muitas vezes no mercado paralelo, para abastecer as botijas que podem salvar a vida dos seus familiares.
De acordo com o ministro da Saúde peruano, em tempos normais, o consumo de oxigénio rondava as 60 toneladas por dia. Com a pandemia, este número aumentou cinco vezes, e os preços também dispararam. Em declarações à imprensa local, os familiares de doentes com Covid-19 contaram que chegaram a vender objetos pessoais para pagar, no mês passado, 4.500 soles (cerca de 1.100 euros), aos vendedores paralelos de oxigénio – e sem garantias da procedência da mercadoria.
A situação de escassez tem levado as organizações religiosas a fazerem campanhas para a instalação urgente de fábricas de oxigénio no país, como informa, por exemplo, a página da Cáritas de Huancayo. Os peruanos sofrem ainda com outros problemas, como escassez de profissionais de saúde treinados para o uso adequado dos equipamentos para tratamento do coronavírus. Além disso, há doentes com Covid-19 que dormem em barracas de acampamento, ao frio, na portaria de hospitais de Arequipa, a segunda maior cidade do país, ou fazem filas de carros, com seus próprios tubos de oxigénio, enquanto esperam para ser atendidos.