Fundada em 2003 pelos luso-canadianos José Mário Coelho, Bernardette Gouveia e Manuel da Costa, a Galeria dos Pioneiros Portugueses, é um espaço museológico singular em Toronto que se dedica à perpetuação da memória e das histórias dos pioneiros da emigração portuguesa para o Canadá.
Conquanto a presença regular de portugueses neste território do norte da América remonte ao início do séc. XVI, a emigração portuguesa para o Canadá começou a ter expressão a partir de 1953. Ano em que ao abrigo de um acordo Luso-Canadiano, que visava suprir a necessidade de trabalhadores para o sector agrícola e para a construção de caminhos-de-ferro, desembarcaram a 13 de maio em Halifax, província de Nova Escócia, um grupo pioneiro de oitenta e cinco emigrantes lusitanos.
Se entre 1953 e 1973, terão entrado no Canadá mais de 90.000 portugueses, na sua maioria originários dos Açores, estima-se que atualmente vivam no segundo maior país do mundo em área total, mais de meio milhão de luso-canadianos, sobretudo concentrados em Ontário, Quebeque e Colúmbia Britânica, representando cerca de 2% do total da população canadiana que constitui um hino ao multiculturalismo.
É a partir da dinamização deste legado histórico da comunidade portuguesa, uma comunidade que se destaca hoje no Canadá pela sua perfeita integração, inegável empreendedorismo e relevante papel económico e sociopolítico, que a Galeria dos Pioneiros Portugueses, impulsionada no presente pelo comendador Manuel da Costa, a quem se deve desde 2013 as novas instalações museológicas na St. Clair Avenue West, se tem dado a conhecer à comunidade canadiana em geral e a outras culturas.
Mais do que um espaço de memória e de homenagem dos pioneiros da emigração lusa para o Canadá, a Galeria dos Pioneiros Portugueses, alavancada na ação benemérita do comendador Manuel da Costa, fautor entre outros, do Portuguese Canadian Walk of Fame, que anualmente laureia portugueses que se têm destacado no território canadiano, é um exemplo inspirador para as comunidades portuguesas disseminadas pelo mundo, principalmente naquilo que deve ser o respeito pelo seu passado, a construção do seu presente e a projeção do seu futuro entre as pátrias de acolhimento e de origem.
Como apontam Miguel Monteiro e Maria Beatriz da Rocha-Trindade no artigo “Emigração e Retorno”, o processo de musealização da memória histórica e social da emigração nacional, além de fomentar o conhecimento e a investigação, promove igualmente “a pesquisa do papel dos emigrantes nos territórios de emigração e de retorno na arquitetura, indústria, comércio, filantropia, jornalismo, associativismo, artes, no trânsito das ideias em Portugal e nos territórios de destino”.