António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), proferiu a ‘19ª Palestra Darbari Seth Memorial’, uma iniciativa organizada pelo Instituto de Energia e Recursos (Teri), na Índia, em honra a Darbari Seth, um pioneiro indiano para a ação climática. Na sua intervenção, subordinada ao tema ‘A ascensão das energias renováveis: iluminar um futuro sustentável’, Guterres defendeu uma ação climática mais robusta e um papel de liderança para a Índia.
Para o secretário-geral da ONU, no pós-pandemia, o mundo deve ser reconstruído de uma forma melhor, o que “significa transformar sistemas económicos, de energia e de saúde, para salvar vidas, criar economias estáveis e inclusivas e evitar a ameaça existencial das alterações climáticas”.
Guterres acredita que a Índia se pode “tornar uma verdadeira superpotência global na luta contra as mudanças climáticas.” Durante o período pandémico que o mundo já atravessou até aqui, a proporção de energia renovável da Índia passou de 17 por cento para 24 por cento. Simultaneamente, a energia movida a carvão diminuiu de 76 por cento para 66 por cento. “Esta tendência promissora precisa de continuar”, frisou o secretário-geral das Nações Unidas.
O responsável acredita que o aumento da energia limpa pode contribuir para a Índia superar a pobreza e garantir o acesso universal à energia. “Os investimentos em energia renovável, transportes limpos e eficiência energética durante a recuperação da pandemia poderiam estender o acesso à eletricidade a 270 milhões de pessoas em todo o mundo, um terço das pessoas que atualmente não têm esse acesso”, demonstrou António Guterres.
Outro dos efeitos positivos desta ação seria a criação de postos de trabalho, uma vez que “os investimentos em energia renovável geram três vezes mais empregos do que os investimentos em combustíveis fósseis poluentes”, acrescentou o responsável, adiantando que tais investimentos poderiam criar 9 milhões de postos de trabalho, todos os anos, nos próximos três anos, algo que já se começa a revelar na Índia.
Desde 2015, a quantidade de pessoas a trabalhar em energia renovável cresceu cinco vezes. Em 2019, pela primeira vez, os gastos com energia solar ultrapassaram os gastos com carvão. Para o futuro, Guterres defende que o país “deve acabar com sua dependência de combustíveis fósseis poluentes, financeiramente voláteis e caros”. Em vez disso, o país deve procurar fazer um “investimento em energia solar limpa e economicamente resiliente”.