“Todas as partes em confronto no Iémen continuam a cometer uma vasta gama de violações das leis internacionais de direitos humanos e humanitárias, com ataques sistemáticos aos civis não só durante as hostilidades, como também em cenários distantes das linhas de fogo”, conclui o mais recente relatório do Grupo de Especialistas Internacionais e Regionais que acompanha a situação do Iémen.
Depois de seis anos de conflito armado, o documento, elaborado a pedido do Conselho de Segurança da ONU, considera que “ninguém tem as mãos limpas neste conflito” e assinala que tanto o governo como os houthis, o Conselho de Transição do Sul e os membros da coligação liderada pela Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos têm perpetrado atrocidades contra a população civil, muitas das quais poderão constituir crimes de guerra.
“O Iémen continua a ser uma terra torturada com um povo devastado por ações que deviam abalar a consciência humana”, sustenta o presidente do Grupo de Especialistas, Kamel Jendoubi, explicando que os atropelos detalhados no relatório incluem assassinatos, desaparecimentos forçados, detenções arbitrárias, violência de género, violência sexual, tortura e maus-tratos desumanos e degradantes, recrutamento e uso de crianças nos confrontos, e violações dos direitos económicos, sociais e culturais.
Para este responsável, é urgente acabar com as sucessivas violações de direitos humanos e com o sentimento de impunidade: “A comunidade internacional tem a responsabilidade de acabar com esta pandemia da impunidade e de não se esconder perante as violações graves que se cometeram no Iémen. Depois de anos a documentar o saldo terrível desta guerra ninguém pode dizer que não sabia o que se estava a passar no país. A prestação de contas é a chave para garantir justiça ao povo iemenita e à humanidade”.