Os refugiados eritreus na Etiópia correm o risco de ser repatriados, uma vez que governo etíope considera que já não necessitam de proteção humanitária. Ao mesmo tempo, deixou de estar previsto o acolhimento de pessoas que fogem do regime de Asmara em campos de refugiados, a menos que estejam ligadas às forças armadas da Eritreia.
Segundo o pároco de Asmara, Abba Mussie Zerai, os refugiados vivem um momento delicado, pois muitos deles não podem regressar ao seu país de origem sob pena de irem parar à prisão. “Esta situação e o encerramento de um dos quatro campos de refugiados que alberga mais de 15 mil pessoas tem gerado muitos refugiados urbanos, sem qualquer tipo de proteção ou direitos. Em Tigrai [a região norte da fronteira com a Eritreia] milhares de eritreus veem-se confrontados com a fome, expostos a todas as formas de exploração e abuso”, denuncia o sacerdote.
Com a situação a piorar de dia para dia, Abba Zerai apelou ao governo etíope que “respeite as obrigações internacionais” e pediu à União Europeia “que invista em recursos para que os refugiados sejam acolhidos com dignidade na Etiópia”. Se tal não acontecer, “o êxodo para a Europa irá aumentar, com o triste número crescente de mortos no deserto e no mar Mediterrâneo”, alertou o sacerdote.