A Equipa de Busca e Resgate da Organização Internacional para as Migrações (OIM) que opera na região de Agadez, no norte do Níger, anunciou esta semana ter resgatado 83 migrantes em perigo, em pleno Deserto do Saara, onde normalmente as temperaturas ultrapassam os 38 graus centígrados e se crê que centenas de pessoas tenham perdido a vida por desidratação, acidentes ou ataques.
Os migrantes resgatados, a maioria da Nigéria, dirigiam-se para a Líbia. Uma semana antes do resgate, haviam apanhado ‘boleia’ em quatro camiões, na cidade de Agadez, mas depois de 230 quilómetros percorridos, os condutores temeram ter sido avistados pelas forças militares e obrigaram-nos a apear-se. Antes de os deixaram entregues à sorte sorte no deserto, tiraram-lhes todos os seus bens.
“Estivemos isolados quatro dias, sem água ou comida. Procurámos água, mas apenas encontramos poços sujos usados pelo gado. Para onde olhava, só via gente a colapsar. Comecei a chorar quando vi que se aproximavam uns veículos, esperando que trouxessem auxílio consigo”, testemunhou um jovem nigeriano, de 25 anos, às equipas da OIM.
Quando a equipa de resgate encontrou o grupo, muitos dos migrantes, entre eles mulheres e pelo menos duas crianças de quatro anos, estavam desidratados, feridos e com necessidade urgente de receber assistência médica. Depois de assistidos, foram transportados para uma zona de confinamento em Dirkou, onde terão de cumprir um período de quarentena por causa da Covid-19. As sete pessoas em estado mais grave foram internadas num centro sanitário.
Após o período de quarentena, os migrantes que desejem regressar ao seu país de origem poderão ir para o centro de trânsito da OIM em Dirkou e beneficiar do Programa de Retorno Voluntário Assistido e Reintegração, estabelecido no âmbito da iniciativa conjunta entre a União Europeia e a agência da ONU para proteção e reintegração de migrantes.