A pobreza e as dificuldades aumentaram significativamente entre as famílias suportadas pelas vendedoras ambulantes angolanas (conhecidas por zungueiras), segundo um estudo realizado pela Associação Observatório de Políticas da Perspetiva de Género (ASSOGE) para avaliar o impacto da Covid-19 nesta área de negócio.
“A situação da pandemia trouxe dificuldades adicionais à atividade da zunga (venda ambulante) que se reflete no acesso a mercadorias, na possibilidade de vender essas mercadorias e também nos números de clientes. Outro assunto tem a ver com a dificuldade de locomoção por parte destas mulheres”, explicou a diretora-adjunta da organização não governamental à agência noticiosa DW.
Segundo Florita Telo, entre março e maio, durante o período de confinamento social imposto aos cidadãos angolanos, as mulheres inseridas no mercado informal registaram perdas de 85 por cento no rendimento dos seus negócios. E nos últimos quatro meses, a atividade comercial nos mercados informais foi restringida, o que aprofundou os problemas já enfrentados pelas famílias das zungueiras.
“No ambiente familiar houve mais dificuldades em suprir necessidades básicas, como a alimentação, sobretudo, pelas medidas que foram tomadas e por consequência de despedimento de maridos de algumas zungueiras neste período e acabou por impactar negativamente”, sublinhou a responsável.
Durante a recolha de informações para o estudo, os técnicos da ASSOGE recolheram ainda vários testemunhos da alegada brutalidade praticada pelos fiscais e pela polícia, ao exigirem valores acima do rendimentos das vendedoras quando confiscam as suas mercadorias.