O mundo tem atualmente cerca de 1,2 biliões de crianças a viver na chamada pobreza multidimensional, que inclui falta de serviços básicos como água, educação e saúde. Este número reflete um aumento de 15 por cento desde o início da pandemia de Covid-19, que atirou mais 150 milhões de menores para a pobreza, segundo um estudo recente realizado em conjunto pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e a organização não governamental Save the Children.
Com base em dados sobre educação, cuidados de saúde, habitação, nutrição, água e saneamento, recolhidos em mais de 70 países, os investigadores concluíram que este aumento ocorreu em nações de baixos e médios rendimentos e que cerca de 43 por cento das crianças foram severamente privadas de pelo menos uma das necessidades básicas.
Para a diretora executiva do UNICEF, Henrietta Fore, é fundamental apostar-se em ações de proteção social, políticas fiscais, investimentos em serviços sociais e emprego, expandir os serviços de saúde e as tecnologias necessárias para o ensino à distância, e reforçar as políticas dirigidas às famílias, proporcionando, por exemplo, o pagamento de férias e da creche.
Já a líder da Save the Children, Inger Ashing, lembra que a pandemia causou a maior emergência global de saúde da história e um aumento da pobreza, que serão mais difíceis de ultrapassar pelas crianças. Os alunos que perdem o acesso à educação são mais facilmente levados ao trabalho infantil e ao casamento precoce ficando presos por vários anos num círculo de pobreza, pelo que se exige mais aos governos nacionais para evitar que isso aconteça.