As agências humanitárias estão a tentar o contacto com os grupos armados na província moçambicana de Cabo Delgado, para que seja possível criar um corredor seguro que permita abastecer os deslocados e a população, atualmente a passarem por uma situação de emergência alimentar.
Os rebeldes tomaram conta do porto estratégico de Mocímboa da Praia e os confrontos com as forças governamentais têm obrigado milhares de pessoas a fugir, ficando sem acesso a alimentos e a meios de subsistência. Estima-se que o conflito tenha provocado mais de 310 mil deslocados internos.
O Programa Alimentar Mundial (PAM) tem estado a trabalhar com o governo de Moçambique e outras agências de ajuda humanitária para conseguir alimentos e abastecer os deslocados utilizando barcos, camiões, aviões e helicópteros. Mas antes, é necessário “negociar o acesso às comunidades famintas” com os grupos armados.
“A situação é extremamente volátil e perigosa, mas nós conseguimos localizar grandes números de deslocados e distribuir alimentos a 200 mil pessoas no mês passado. Esperamos chegar a cerca de 300 mil este mês”, informou Lola Castro, diretora do PAM para a África Austral.
Segundo a responsável, a província de Cabo Delgado já tinha a segunda taxa mais alta de desnutrição crónica de Moçambique, com mais de metade das crianças com menos de cinco anos cronicamente subnutrida. Os ataques armados vieram agravar a situação, especialmente para mulheres e crianças.