O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) está a mobilizar ajuda para prestar assistência às cerca de 700 mil pessoas que ficaram desalojadas na sequências das inundações registadas no último mês na região do Sahel, em particular no Burkina Faso, Chade, Mali e Níger.
A região, que já enfrenta violência intensa e indiscriminada que forçou mais de 3,5 milhões de pessoas a fugir das áreas de origem, tem sido fustigada no último mês pelas piores chuvas da última década. Em consequência, foram destruídas inúmeras casas, instalações de saúde e campos agrícolas.
A destruição causada pelas inundações está a ter impacto também nas respostas à Covid-19 e doenças como malária e sarampo, e com a contaminação das fontes de água e saneamento aumentam os receios de alastramento da cólera.
Para o diretor do ACNUR para a África ocidental e central, Millicent Mutuli, os refugiados, deslocados internos e seus anfitriões, que “já estavam à beira do abismo e a precisar urgentemente de assistência”, suportam agora um novo nível de sofrimento “que ameaça e ao mesmo tempo dificulta os esforços para responder a uma das piores crises humanitárias do mundo, que está entre as que cresce mais rápido.”
O responsável alerta ainda que a subida das temperaturas globais está a mudar os padrões de precipitação em todo o Sahel, aumentando a frequência e a intensidade das inundações, secas e tempestades de areia. Os riscos também aumentam para as comunidades hospedeiras e deslocadas que já enfrentam pobreza extrema, insegurança alimentar, conflitos armados e riscos climáticos.