Os mais de 70 participantes na Conferência das Igrejas de Toda a África (AACC, na sigla em inglês), realizada recentemente por via digital, pediram uma ação rápida contra a corrupção e a dívida externa, dois problemas que consideram estar interligados e a deixar as nações africanas mergulhadas numa nova forma de escravatura, privando-as da sua soberania.
“No ano 2000, muitos países africanos viram a sua dívida externa cancelada, mas hoje noto com grande preocupação que agora alguns deles têm dívidas maiores do que as de há 20 anos”, afirmou o secretário-geral da AACC, Fidon Mwombeki, recordando os dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) relativos a 2019, que dão conta de um aumento médio da dívida das nações africanas “de quase 20 pontos percentuais” do seu Produto Interno Bruto (PIB).
Este endividamento fez disparar também os juros, o que obrigou alguns dos países a “gastar mais de 45 por cento da receita tributária nacional” e a colocar em causa o futuro das próximas gerações. “O futuro dos nossos filhos está hipotecado. Eles não poderão empenhar-se em atividades significativas de desenvolvimento por causa do peso que colocamos sobre os seus ombros, mesmo antes de eles nascerem”, destacou o sacerdote.
Segundo Fidon Mwombeki, há ainda o problema da corrupção e da má governação em todo o continente africana, fatores que só contribuem para agravar a crise. Daí o apelo conjunto às Igrejas de África para trabalharem arduamente na sensibilização das populações locais: “Queremos que as Igrejas se empenhem a acender os holofotes sobre este problema. O objetivo é criar uma forte coligação em toda a África que seja capaz de convencer os países do continente a resolver os problemas da dívida e da corrupção”.