O investimento em “estratégias de prevenção” de ameaças globais, incluindo o terrorismo, foi considerado determinante por vários especialistas de análise estratégica da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para responder a eventuais conflitos armados como o que está a afetar a província de Cabo Delgado, em Moçambique.
“É preciso olhar para a situação de Cabo Delgado como algo que pode acontecer em qualquer país da CPLP e, a partir disso, traçar estratégias de prevenção das ameaças globais, incluindo as novas ameaças, como o terrorismo. A prevenção é um aspeto muito importante”, disse o académico moçambicano Paulo Wache, durante o 20º seminário do Centro de Análise Estratégica da CPLP, realizado em ambiente digital.
Na sua intervenção, o tenente-coronel português Luís Bernardino referiu, por outro lado, que “a CPLP não tem capacidade militar” para intervir nos ataques armados em Cabo Delgado, tendo em conta o quadro de cooperação da comunidade. “Não podemos esperar que a CPLP coloque uma força no terreno com capacidade e meios para desenvolver uma ação bélica em Cabo Delgado. Naquilo que é o quadro regional da cooperação é difícil que isso venha acontecer”, observou.
Recorde-se que, na última semana, o governo moçambicano pediu apoio da União Europeia (UE) na logística e no treino especializado das suas forças, para travar as incursões armadas de grupos classificados como terroristas em Cabo Delgado, mas não houve, até agora, um pedido formulado à CPLP.