As várias vacinas em estudo ainda não estão aprovadas cientificamente e autorizadas a serem usadas no combate à Covid-19, mas os países mais ricos já estão a tentar comprar quase toda a produção. Muitos países africanos sentem-se em desvantagem nesta corrida, mas uma coligação internacional, constituída por 71 nações, promete assegurar milhões de doses para os Estados menos desenvolvidos.
Segundo o epidemiologista sul-africano Salim Abdool Karim, esta espécie de “nacionalismo vacinal” demonstrado pelas economias mais fortes “é incompreensível”, pois parte do “pressuposto de que a segurança é possível para alguns países, enquanto o vírus continua a propagar-se nos países mais pobres que não podem comprar vacinas”. “É simplesmente errado pensar que se pode estar seguro quando outros não estão. Acredito que é do interesse de todo o mundo assegurar que as vacinas estejam disponíveis para as pessoas em toda a parte”.
Com base neste princípio, um grupo de especialistas decidiu criar uma aliança, que tem um programa internacional denominado “Covax”, com o intuito de garantir a distribuição justa de vacinas que serão aprovadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), juntamente com outras organizações. O objetivo é evitar, por exemplo, o que aconteceu em 2009 e 2010, quando os países africanos receberam uma vacina contra a gripe suína só um ano após o surto.
“Queremos assegurar dois mil milhões de doses de vacinas até ao final de 2021. Isso seria suficiente para vacinar as pessoas expostas a maior risco de infeção, tais como idosos, enfermeiros e pessoal médico em cada país”, afirmou Aurélia Nguyen, diretora do gabinete de vacinas da organização Gavi, que integra o programa Covax.
Enquanto se espera pelo resultado dos 191 projetos de investigação de uma vacina, 40 dos quais já em fase de testes em seres humanos, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), os países africanos vão trabalhando na identificação do grupo de nações que seriam priorizadas quando chegar a imunização contra a Covid-19.