Outubro é o mês missionário. E inicia justamente com a celebração da memória litúrgica de Santa Teresinha do Menino Jesus, virgem e doutora da Igreja que, ao lado de São Francisco Xavier, é também Padroeira das Missões. Ao longo deste mês realiza-se a Campanha Missionária organizada pelas Obras Pontifícias Missionárias (OPM). O objetivo é promover a cooperação com as missões em todo o mundo.
O tema de reflexão escolhido para este ano, “a vida é missão”, desafia-nos a testemunhar o amor de Deus em tempos de pandemia que ameaça a vida de tantas pessoas e causa muitos sofrimentos e transtornos. E para nos encorajar, como lema da campanha, repetimos as palavras do profeta Isaías: “Eis-me aqui, envia-me!” O Papa Francisco recorda-nos o essencial na vida cristã quando afirma: “A missão no coração do povo não é uma parte da minha vida, ou ornamento que posso pôr de lado; não é um apêndice ou um momento entre tantos outros da minha vida. É algo que não posso arrancar do meu coração (…) Eu sou uma missão de Deus nesta terra, e para isso estou neste mundo”.
Fonte da missão
O Concílio Vaticano II nas suas Constituições “Lumen Gentium” e “Gaudium et Spes”, e no “Decreto Ad Gentes” afirma que a missão tem a sua origem no “amor fontal” do Pai, um amor que não se contém, mas transborda, comunica e sai de si mesmo devido à sua natureza. Em suma, Deus é missão: a missão vem de Deus porque Deus é amor. A missão revela a essência de Deus. Refere-se principalmente ao que Deus é e não ao que Deus faz.
Esta missão de Deus manifesta-se de forma definitiva através do envio do Filho amado, Jesus Cristo, o Verbo feito carne “que, sendo rico, se fez pobre por nós para nos enriquecer com a sua pobreza”. Para realizar o seu plano de amor, a missão de Deus revela-se no dinamismo, na efusão e no protagonismo do Espírito Santo, que “já estava em ação no mundo antes de Cristo ter sido glorificado”. É o Espírito que desperta a fé e dirige a missão da Igreja aos povos. Ao mesmo tempo, “Ele é a alma da Igreja que evangeliza” e a empurra “para fora de si mesma a fim de evangelizar todos os povos”. Portanto, “a Igreja é pela sua natureza missionária”; a Igreja “é” quando é enviada, ela existe para a missão e deve testemunhar o amor de Deus que em sua misericórdia sai de si e abraça a todos.
“Minha vocação, é o amor!”
Santa Teresinha do Menino Jesus, mesmo vivendo no Carmelo, entendeu o verdadeiro amor de Deus que alcança toda a humanidade. Ela viveu a sua vocação com um horizonte universal e como missionária, rezava pelas vocações e pelas missões. Nos seus escritos autobiográficos, intitulados “História de uma alma”, ela afirma: “Ó Jesus, meu amor, minha vocação, encontrei-a afinal: Minha vocação, é o amor!”
O seu exemplo mostra-nos que “a vida é missão”, mesmo não podendo sair de casa. Apesar das restrições impostas pela Covid-19, podemos mostrar o nosso amor para com todos rezando e apoiando as missões através de gestos concretos de renúncia e ofertas. Assim, nos tornamos de fato “missão de Deus nesta terra” por que “a vida é missão”.