Um grupo de mais de 140 líderes religiosos cristãos de várias partes do globo enviou uma carta ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao Banco Mundial (BM) a pedir o cancelamento da dívida aos países mais frágeis, “à luz do grave impacto das crises sanitárias, sociais e económicas” que têm de enfrentar na sequência da pandemia.
“É a forma mais imediata de libertar os fundos necessários para evitar que milhões de nossos irmãos e irmãs sejam empurrados desnecessariamente para a pobreza por causa da pandemia”, afirmam os subscritores do documento, salientando a necessidade desta medida como parte das estratégias globais de recuperação pós-pandemia.
No apelo, os líderes religiosos recordam que o próprio FMI e o BM destacaram os sérios riscos da emergência sanitária – incluindo o aumento vertiginoso da pobreza e a queda dos preços das matérias-primas –, e denunciam o que consideram ser “uma injustiça”: “O dinheiro tão desesperadamente necessário para medicamentos, equipamentos de proteção pessoal, suprimentos alimentares de emergência e redes de segurança social ainda está a ser desviado para o pagamento da dívida”.
Ao mesmo tempo, manifestam apreço por algumas medidas já tomadas, tais como “a decisão do FMI de cobrir os pagamentos da dívida devida por um período de seis meses para 28 países, bem como a disponibilidade de novos financiamentos de emergência do próprio Fundo e do Banco Mundial no valor de 88 biliões de dólares”, mas consideram estas “iniciativas insuficientes” que “não respondem à urgência e à amplidão da crise”.
“Sem o cancelamento da dívida, permanece elevado o risco de que as nações em desenvolvimento não tenham dinheiro para impedir a propagação do vírus, para curar as pessoas e para mitigar e recuperar-se da destruição económica e social ameaçada pelo vírus”, concluem.