“Num mundo de fartura, é uma afronta grave que centenas de milhões de pessoas vão para a cama com fome todas as noites”, afirma o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, numa mensagem alusiva ao Dia Mundial da Alimentação, que se assinala esta sexta-feira, 16 de outubro.
Neste momento, 690 milhões de pessoas já não têm o que comer e “a pandemia de Covid-19 intensificou ainda mais a insegurança alimentar”, o que coloca mais 130 milhões de pessoas na iminência de passarem fome até ao final deste ano, um registo que não se verificava há décadas, lamentou o líder da ONU.
Segundo António Guterres, a comunidade internacional tem “o conhecimento e a capacidade para criar um mundo mais resiliente, justo e sustentável”, e todos devem assumir o compromisso de “crescer, nutrir e sustentar, juntos”. Para isso, definiu três prioridades que o mundo precisa cumprir.
Primeiro, tornar os sistemas alimentares mais resistentes à volatilidade e aos choques climáticos. Depois, garantir dietas sustentáveis e saudáveis para todos e minimizar o desperdício de alimentos. E, por fim, construir sistemas alimentares que forneçam meios de subsistência decentes e seguros para os trabalhadores.
Aumentam pedidos de ajuda em Portugal
A Rede de Emergência Alimentar, criada em março para dar resposta aos pedidos de ajuda na sequência da pandemia, continua a registar um aumento do número de pedidos de ajuda, uma tendência que leva a presidente do Banco Alimentar a alertar para o risco de uma rutura social.
“Desde a última semana de setembro vemos que há outra vez um agravamento no número de pedidos de apoio, seja porque as pessoas voltaram a ficar sem emprego, porque trabalhavam no setor da restauração, hotelaria, mais ligado ao turismo, seja porque a situação de ‘lay-off’ se prolongou e muitas pessoas continuam em casa sem poder regressar ao emprego e ter um salário inteiro”, disse Isabel Jonet à agência Lusa.
Os dados recolhidos através da Rede de Emergência, criada a 19 de março, mostram que logo a seguir ao fecho da economia, entre final de março e abril, chegavam cerca de 350 pedidos de ajuda por dia, o que representou um acréscimo de cerca de 60 mil pessoas em relação às 380 mil apoiadas pelos 21 Bancos Alimentares de todo o país antes da pandemia, através de 2.600 instituições sociais.