“Cuidar dos idosos não pode ser tarefa exclusiva do Estado. Todos, famílias e outras instituições, bem como cidadãos em geral, devem partilhar, com dedicação, a responsabilidade de garantir aos idosos a manutenção da sua dignidade de pessoa até à sua morte”, apela a Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), numa nota sobre a situação dos mais velhos nesta crise pandémica.
Para os dirigentes da CNJP, o Estado tem o dever de criar uma política de apoio aos idosos onde estejam definidos objetivos e meios para aplicar com recurso a meios financeiros próprios e de terceiros e clarificado o papel que cabe a cada entidade envolvida, assim como os instrumentos de controlo. E, “sempre que possível, deve ser facilitada a permanência do idoso em sua casa e com a sua família, sem ignorar que essa permanência exige muitas vezes várias formas de apoio externo que têm faltado”.
Quando não for possível a permanência em casa, deve ser encarado o recurso aos lares. No entanto, adverte a CNJP, o funcionamento deste tipo de estabelecimentos deve ser profundamente alterado, com reforço de meios humanos e materiais, e acréscimo de comparticipações do Estado.
“Apoiar o idoso não é uma prática assistencialista facultativa, é, antes, dar resposta a um direito inalienável que ele adquiriu ao longo da sua vida”, sublinha a nota, lembrando as palavras do Papa Francisco na encíclica “Tutti Fratelli” sobre a fraternidade e a amizade social: “Isolar os idosos e abandoná-los à responsabilidade de outros, sem um acompanhamento familiar e adequado e amoroso mutila e empobrece a própria família. Além disso, acaba por privar os jovens daquele contacto que lhes é necessário com as suas raízes e com uma sabedoria que a juventude, sozinha, não pode alcançar”.