Mais de 60 mil pessoas no estado de Chin, em Myanmar, enfrentam uma grave escassez de alimentos devido aos constantes confrontos entre o exército nacional e as forças rebeldes do movimento Arakan, segundo a organização de direitos humanos Khumi Affairs Coordination Council.
A gravidade da situação, sentida em mais de 200 aldeias, foi confirmada à agência Fides pela Cáritas diocesana de Pyay. “A semana passada organizámos, com a ajuda do governo, um importante envio de alimentos para Paletwa. Mandámos 1.700 sacos de arroz, mas estamos a enfrentar também um duro trabalho na prevenção da Covid-19”, revelou o padre Nereus Tun Min, diretor da instituição.
Segundo o sacerdote, o estado de Chin tem sofrido constantes bombardeamentos e assistido a muitos combates, mas o clima de tensão estende-se também ao estado de Rakhine, ao longo de um fronteira ‘porosa’ onde, nos últimos meses, têm passado mais armas e combatentes do que bens e pessoas.
Esta zona de Myanmar, com vista para o mar Andamão, continua a ser um lugar de grande sofrimento. Um relatório recente da organização Human Rights Watch (HRW) sublinhou a grave situação em que vivem as pessoas nos acampamentos de Rakhine para deslocados internos, classificados como “prisioneiros ao ar livre”. São cerca de 130 mil rohingya, membros da minoria muçulmana vítima da violência em 2012 e 2017, que gerou cerca de um milhão de refugiados que fugiram para o vizinho Bangladesh.