Uma em cada quatro crianças com menos de cinco anos sofre de desnutrição aguda no Iémen, fruto dos efeitos do conflito e do colapso económico que afetam o país. As agências das Nações Unidas dizem estar perante um fenómeno sem precedentes e alertam, que sem uma intervenção urgente, a situação pode tornar-se irreversível para uma geração inteira de iemenitas.
Segundo uma análise ao estado da insegurança alimentar na região, a desnutrição atinge cerca de 587 mil menores no sul do país, e perto de 100 mil crianças correm mesmo o risco de morrer à fome se não tiverem assistência humanitária de emergência.
A situação é pior do que em 2018, quando o Programa Alimentar Mundial (PAM) expandiu a assistência em mais de 50 por cento. Nesse processo, foi evitada a fome. O receio é que agora os ganhos alcançados em 2018-2019 sejam perdidos à medida que o conflito piora e o declínio económico se acentua. Há famílias deslocadas pela terceira ou até quarta vez, e sempre que acontece mais uma deslocação forçada, a capacidade de lidar com a crise diminui e é pouco provável que se recupere.
A ONU vem alertando desde julho que o Iémen está à beira de uma crise de segurança alimentar catastrófica e, de acordo com a coordenadora humanitária da organização no país, Lise Grande, se a guerra não acabar e não for assegurado financiamento suficiente para ajuda humanitária, “estará iminente uma situação irreversível e o risco de se perder uma geração inteira de crianças pequenas”.