Portugal voltou a ficar longe dos objetivos internacionais ao destinar o ano passado o equivalente a 0,17 por cento do Rendimento Nacional Bruto (RNB) para a ajuda ao desenvolvimento, uma percentagem considerada “consideravelmente abaixo” da média europeia pela Plataforma Portuguesa das Organizações Não-Governamentais para o Desenvolvimento (ONGD).
“Apesar de assistirmos a alguns progressos, especialmente no que toca a um maior foco nos países menos desenvolvidos, tanto ao nível da União Europeia como de Portugal, estamos agora mais longe de conseguir alinhar a ajuda pública ao desenvolvimento (APD) com os compromissos internacionais e do cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável em 2030”, disse Rita Leote, diretora executiva da Plataforma, citada pela agência Lusa.
Em 2019, Portugal destinou 351 milhões de euros à ajuda pública ao desenvolvimento, o equivalente a 0,17 por cento do seu RNB, mantendo-se longe da meta de 0,7 por cento acordada pelos países para 2030, segundo dados do relatório “AidWatch2020” publicado esta quarta-feira, 28 de outubro, pela Confederação Europeia da ONG de Ajuda Humanitária e Desenvolvimento (Concord).
O mesmo relatório revela que a ajuda pública ao desenvolvimento prestada pela União Europeia voltou a regredir em 2019, ainda antes do surgimento da pandemia da Covid-19, afastando os Estados-membros ainda mais do cumprimento dos seus compromissos. Apesar de um aumento de três mil milhões de euros, a ajuda ao desenvolvimento em proporção do RNB combinado dos Estados-membros da União Europeia caiu pelo terceiro ano consecutivo, alertando a Concord que, a manter-se o ritmo atual, o objetivo de destinar ajuda genuína equivalente a 0,7 por cento do RNB só o será quatro décadas mais tarde, em 2070.