A Associação Médica de Moçambique (AMM) anunciou a intenção de avançar com uma queixa judicial contra os ministérios da Economia e Finanças e da Saúde por não cumprirem com o pagamento de subsídios de horas extra e de risco, prometidos antes do país diagnosticar os primeiros casos do novo coronavírus. Os médicos denunciam ainda a falta de condições de trabalho e a redução do orçamento para o setor da saúde em quase seis por cento nos dois últimos anos.
“É uma situação preocupante. Este é um país deficitário e o normal era o aumento do orçamento para atender àquilo que são as obrigações do Estado. Existem acordos internacionais a que o país está vinculado, tendo de injetar pelo menos 15 por cento do orçamento para a área da saúde. Infelizmente, nesta altura estamos em menos de 10 por cento”, afirmou o secretário-geral da Associação Médica, Napoleão Viola, citado pela agência noticiosa DW África.
De acordo com o porta-voz da classe médica, nos últimos 15 anos, o sistema nacional de saúde moçambicano deteriorou-se, registando atualmente situações bastantes precárias. “Há uma série de aparelhos que deviam estar disponíveis para diagnósticos mais específicos. Muitas vezes não estão disponíveis no país e, quando estão, estão avariados”, lamentou.
Em 2013, recorde-se, os médicos entraram em greve em todo o país para reivindicar aumentos salariais. A AMM denunciou na altura que vários profissionais foram penalizados por aderirem à paralisação, sofrendo processos disciplinares ou sendo transferidos ou reformados compulsivamente.