Vários professores da província angolana de Bengo estão a trabalhar como taxistas para reforçar o rendimento mensal e enfrentar as dificuldades económicas que atingem a classe. As autoridades governativas manifestam-se preocupadas com a situação, alegando que estes docentes podem acabar por não cumprir as tarefas educativas por falta de tempo.
Segundo um professor com 18 anos de carreira, entrevistado pela agência DW África, o trabalho como taxista foi a única fonte complementar que encontrou para garantir a sobrevivência. O homem, que falou sob anonimato, disse receber um salário mensal de 100 mil kwanzas (cerca de 130 euros) enquanto educador, mas esse valor já não é suficiente para suportar todas as despesas.
“Eu gostaria de olhar na vertente do custo de vida de todas as famílias, em especial a do próprio professor. Na verdade, temos olhado com bastante preocupação para esta situação”, reagiu Paulino Mbaxi, porta-voz do Sindicato Nacional dos Professores, realçando as dificuldades económicas que estão a passar muitas famílias angolanas.
Já o Gabinete Provincial da Educação do Bengo, através do seu chefe de Departamento para Inspeção, Zacarias Pedroto, recordou que os professores têm um conjunto de tarefas a realizar dentro e fora da escola como a planificação, organização dos materiais, o ministrar de aulas, que podem ficar para trás se ocuparem o tempo com outras atividades: “Para todos os efeitos, não tendo tempo, deixa de ser professor e passa a ser ‘tropessor’. Porque, diante das componentes não letivas que é o que ele deturpa visando fazer atividade de táxi, deixa de ser professor”.